Os Melhores Vinhos da Argentina
(e Uma Comparação com os Melhores Chilenos)
Depois de analisar os vinhos
chilenos em busca de seus melhores representantes (veja texto “Afinal, quais
são os melhores vinhos do Chile?”) é hora de fazer o mesmo para os vinhos de
nossos hermanos argentinos.
O método e o critério foram os
mesmos utilizados para os vinhos chilenos: a média, considerando safras de 1995
em diante, das notas obtidas nos sites do Robert Parker e Wine Spectator, com
um bônus de 0.1 pontos por cada 5 estrelas recebida da revista Decanter e
penalização para vinhos que tiveram poucas safras avaliadas (com penalidades
variando de 0.5, para vinhos que tiveram entre 5 e 7 safras avaliadas em cada
fonte, a 1.5, para menos de três safras avaliadas).
Encontramos treze vinhos que nos
últimos 15 anos obtiveram ao menos uma nota igual a 95 ou superior: quatro da
Bodega Catena Zapata, a campeã de
aparições (Nicolas, Malbec Argentino, Malbec Adrianna Vineyard e Malbec Nicasia
Vineyard), três da Achaval Ferrer
(Finca Altamira, Malbec Finca Bella Vista e Malbec Finca Mirador), dois da Vina Cobos (Cobos Malbec e Malbec Bramare Marchiori) e
mais os vinhos Cheval de Andes, Alta Vista Alto, Bodegas Poesia e Val de
Flores. Neste quesito, 13 a
8 para os argentinos contra os chilenos e, por enquanto, Argentina 1 x 0 Chile.
Como era de se esperar, a Malbec
é a grande estrela, com uma participação secundária importante da Cabernet
Sauvignon (em geral em blends com a
Malbec).
Também como era de se esperar, a
região que realmente merece atenção é a de Mendoza, onde são produzidos todos
os treze vinhos que aparecem neste texto.
Dois vinhos mereceram uma nota
99: Achaval Ferrer Finca Altamira 2009 e Vina Cobos Cobos Malbec 2006. Dez
vinhos receberam notas 98: Achaval Ferrer Finca Altamira 2004, Vina Cobos Cobos
Malbec 2004 e 2005, Achaval Ferrer Finca Bella Vista 2008 e 2009, Catena Zapata
Nicolas 2004, 2005, 2007 e 2008 e Catena Zapata Malbec Argentino 2004.
Lembrando que a maior nota dos
chilenos foi um 97, Argentina 2 x 0 Chile.
Dos treze vinhos listados, quatro
merecem destaque, com média final superior a 94:
Vina Cobos Cobos Malbec (média 94.94): o campeão argentino é um
vinho feito com 100% de uva Malbec proveniente dos vinhedos Marchiori, localizados
em Perdriel, Lujan de Cuyo, Mendoza. As parreiras do vinhedo possuem idade de
80 anos. A colheita é manual. O vinho é fermentado em aço inox e amadurecido 18
meses em barrica de carvalho francês 100% novas da tonelaria Taransaud. Atenção
especial para as safras 2002, 2003, 2004, 2005 e 2006, que obtiveram média 95.5
(safra 2002) ou 96 (todas as demais). Esta jóia pode ser encontra na Grand Cru,
ao preço de R$ 950,00 a
garrafa. Na adega tenho uma garrafa da safra 2006 esperando o momento certo de
ser aberta, que ocorrerá em 2018. Tive a oportunidade de visitar esta vinícola
quando fui a Mendoza. A simplicidade de suas instalações torna difícil
acreditar que se possa produzir aqui um vinho tão espetacular. Provando que o
que importa é ter uvas provenientes de um grande terroir, um enólogo competente e a determinação de fazer um grande
vinho.
Catena Zapata Malbec Argentino (média 94.5): o vice-campeão argentino
vem da vinícola campeã, a Catena Zapata. Feito 100% com uvas Malbec, selecionadas dos
melhores lotes dos melhores vinhedos da família Catena (a safra de 2008 veio
dos vinhedos Adrianna e Nicasia), colhidas à mão. O vinho é fermentado em
barricas novas de carvalho francês e, posteriormente, envelhece 24 meses em
barricas 100% novas de carvalho francês. Ao contrário da simplicidade da
vinícola Cobos, a Catena Zapata é uma das mais belas vinícolas que já visitei
no mundo! Atenção especial para as safras 2004 (média 96.5), 2005 (média 96),
2007 (média 95.5) e 2008 (média 95). Para degustar esta maravilha é só gastar
R$ 390,00 na Mistral. Infelizmente, este é um vinho que falta na minha adega.
Comparado com o Cobos, temos aqui uma relação custo/benefício muito melhor.
Achaval Ferrer Finca Altamira (média 94.24): mais um vinho feito com 100% da uva Malbec, proveniente de um
único vinhedo, com mais de 80 anos, em La Consulta , Mendoza. As uvas são colhidas
manualmente. O processo de envelhecimento se dá em barricas de carvalho francês
100% novas, com tempo de maturação de 15 meses (para a safra 2008). Atenção
especial para as safras 2004 (média 96.5), 2006 (média 96), 2008 (média 95.5),
2009 (média 95.5 com uma nota 99 do Parker) e 2007 (média 95.25). Este vinho é
importado pela Expand e custa R$ 398
a garrafa. Na adega tenho uma garrafa da safra 2007 e
outra da safra 2009. Esta é outra vinícola que vale a pena ser visitada: uma
bela construção, uma bela vista dos Andes, uma bela degustação de seus melhores
vinhos e uma recepção muito simpática.
Catena Zapata Nicolas (média 94.17): o quarto grande destaque da Argentina é de novo um vinho da
vinícola Catena Zapata e o único representante que conta com a uva Cabernet
Sauvignon: a safra de 2008 foi feita com 65% de Cabernet Sauvignon e 35% de
Malbec. As uvas são provenientes de lotes selecionados dos principais vinhedos
da Catena: La Pirâmide ,
Domingo, Adrianna e Nicasia. A fermentação em 2008 foi 50% em pequenos tanques
de aço inox e 50% em barricas de carvalho. A maturação se dá por 24 meses em
barricas de carvalho francês 100% novas. As safras de destaque são: 2005 (média
96), 2004, 2006 e 2007 (todas com média 95) e 2008 (que recebeu 98 pontos do
Parker, mas não foi avaliada pela WS). Para
degustar, vá à Mistral e desembolse R$ 398. Na adega tenho uma garrafa da safra
2005, com ponto ótimo de degustação em 2022.
Pegando apenas os grandes
destaques de cada país, outra vitória argentina: média de 94.46 pontos para
seus quatro tops contra média de 92.4
para os três tops chilenos. Ou seja,
aproximadamente 2 pontos a mais para os argentinos, o que não é pouco nesta
faixa de pontuação. Placar parcial: Argentina 3 x 0 Chile.
As pontuações obtidas pelos
argentinos colocam um deles entre os 50 vinhos mais pontuados do mundo e outro
entre os 100 vinhos mais pontuados do mundo. Outra vitória dos hermanos frente aos chilenos.
Além dos quatro destaques acima,
vale também destacar os seguintes vinhos, todos com média superior aos melhores
chilenos: Catena Zapata Malbec Adrianna Vineyard (média 93.8), Catena Zapata
Malbec Nicasia Vineyard (média 93.6), Achaval Ferrer Malbec Finca Bella Vista
(média 93.4) e Achaval Ferrer Malbec Finca Mirador (média 93.36).
Ou seja, ao final, temos oito
vinhos argentinos com média superior aos três melhores chilenos: Argentina 4 x
0 Chile.
Pelos vinhos que aparecem acima,
percebe-se facilmente que as grandes vinícolas argentinas são a Catena Zapata e
a Achaval Ferrer, que colocam vários vinhos entre os mais pontuados do país,
seguidas pela Vina Cobos.
Surpreso com a goleada impetrada
pela Argentina, resolvi pesquisar a gama de vinhos excelentes (com pontuação
entre 90 e 94 pontos) e obtive o seguinte resultado: na Wine Spectator aparecem
545 vinhos argentinos contra 419 chilenos; no Robert Parker a vitória argentina
é esmagadora, porém incontável, em função das características do mecanismo de
busca do site. Placar final: Argentina 5 x 0 Chile.
O resultado acima não significa,
obviamente, que devemos menosprezar os chilenos. Não se esqueça que a quase
totalidade dos grandes argentinos que apareceram aqui são da uva Malbec,
enquanto no Chile temos como grande destaque a Cabernet Sauvignon e os blends com esta uva.
Para tirar a dúvida, uma
excelente degustação seria confrontar os tops
chilenos com os argentinos, às cegas, e tirar a prova dos nove. Se alguém se
habilitar, é só me convidar...
Abraços e boas degustações,
Brito.
Eu também gostaria de receber um convite para uma prova com Achaval Ferrer Finca Altamira 2009; Chadwick Errazuriz 2007; Terrunyo Carmin de Peumo Carmenere Pelmo Vineyard 2005
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