sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A índole do ser humano é boa ou má?

Estou acabando de ler o livro "O Mundo Conhecido", vencedor do prêmio Pulitzer de 2004, escrito por Edward P. Jones.

Ao longo da leitura do livro me lembrei de uma discussão que tive com um amigo, há alguns poucos anos, sobre a natureza do ser humano (boa ou má?). Ele defendia a idéia do bom selvagem, ou seja, que o ser humano é inerentemente bom e que é o meio que o torna mau. Para tentar contrapor esta idéia comprei, à época, o livro "A História Inumana", que relata barbaridades cometidas pelos seres humanos desde sempre.

Mas por que me lembrei desta história ao ler "O Mundo Conhecido". O livro trata da história (ou estória) de famílias de negros americanos que, na época da escravidão, haviam conseguido sua liberdade e iniciado uma nova vida como comerciantes, artesãos, fazendeiros, etc. Até aí nada de especial, se estas famílias não contassem com a ajuda, para o seu progresso econômico, de negros escravos comprados para este fim.

Daí surge a questão: como pode alguém que acabou de sair de uma situação de subjugo impor a um seu ex-companheiro o mesmo sofrimento que antes era por ele considerado desumano? Será que o ser humano é realmente mau e só não exerce esta maldade por força das imposições sociais? O comportamento de parte significativa da sociedade em situações de grandes catástrofes (como a enchente em New Orleans ou o recente terremoto no Chile) me levam a crer que sim!

De qualquer forma, devaneios filosóficos à parte, o livro é muito bom e tem um texto muito agradável. Vale a pena ser lido!

Abraço a todos,

Brito.


5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Oi Brito, aqui é o Danilo, o filho do seu parceiro de enologia, prof. Gavião. Fui a um jantar na sua casa com ele, e até lhe recomendei um livro, que estou curioso pra saber se você leu...

    Sobre o tema, creio que a questão não é ser eminentemente "bom" ou "mau", porquanto a bondade e a maldade residem em "atos", e não existem "per si" (como quer a Igreja, ao "entificar" esses atributos - "O Bem - deus" e "O Mal - diabo e congêneres").

    A questão, a meu ver, é que o ser humano é naturalmente egoísta, alguns mais que outros, e esse egoísmo (ainda quando travestido de filantropia) é que direciona nossos atos, que acabam se tornando um misto de bondade e maldade (dependendo do nosso interesse naquele momento).

    Recomendo o livro "Tábula Rasa", do Steven Pinker, acho que você vai gostar. Ele demole o mito do bom selvagem (entre outros).

    A propósito: meu pai comentou que esses dias você esteve em uma loja de vinhos aqui em sampa que fica bem ao lado da minha casa.

    Abraço!

    ResponderExcluir
  3. Olá prof. Brito!

    Olha, acho que concordo com a ideia defendida pelo seu amigo, a do "bom selvagem". Tenho um exemplo de como o meio afeta o comportamento do indivíduo. Numa conversa com pesquisadores de outro país que estiveram por aqui, ouvi que os alemães que pesquisavam por lá eram exemplos de pontualidade, mas depois de um ou dois meses, os locais os "contaminavam" com a filosofia de "não levar a vida tão a sério".

    Sucesso pro seu blog, prof!

    Abraço, Lucas Palhão.

    ResponderExcluir
  4. Lucas,

    o meio certamente influencia o homem, como você exemplificou acima. Mas a questão levantanda está relacionada à índole e não ao comportamente do dia a dia.
    Por exemplo, se você deixar um monte de crianças pequenas em uma ilha completamente deserta, sem qualquer influência externa, surgirá uma sociedade sem as barbaridades que vivemos em nossa sociedade ou surgirá algo muito parecido com o que temos?

    ResponderExcluir
  5. Danilo,

    bom receber notícias suas. Concordo com você, o "bom selvagem" não existe. Em todas as aglomerações (ou culturas) humanas existentes até hoje, não importa em que época e em que local, barbaridades foram cometidas em nome do poder (egoísmo) e de outros interesses.
    Não deixe de ir às degustações da Grand Cru, valem a pena.
    Abraço,
    Brito.

    ResponderExcluir