domingo, 26 de dezembro de 2010

Transformando Uva em Vinho

TRANSFORMANDO UVA EM VINHO

O processo de transformação da uva em vinho é composto de várias etapas, todas determinantes para a definição da qualidade do vinho. Como veremos, a quantidade de variáveis é muito grande, tornando o trabalho do enólogo complexo. Cada uma das principais etapas é descrita, sucintamente, a seguir:

Colheita: a primeira etapa da produção de vinhos é a colheita, que normalmente ocorre no outono, setembro/outubro no hemisfério norte e março/abril no hemisfério sul. De fato, o momento típico da colheita depende da uva e da região em que se localiza a videira e do tipo de vinho que ser quer produzir, além de ser fortemente influenciado por fatores climáticos.

A definição do momento exato da colheita é crítica para a produção de um bom vinho, pois é preciso encontrar o equilíbrio entre vários aspectos importantes para a qualidade: como quantidade de açúcar, acidez, maciez dos taninos, componentes de cor, etc.

Para os melhores vinhos a colheita é sempre manual, com as uvas transportadas em pequenas caixas, de modo que a uva chegue à vinícola a mais fresca e intacta possível.

Seleção: ao chegar à vinícola as uvas passam por uma mesa de seleção manual, na qual são retirados eventuais detritos e as uvas com qualidade inapropriadas (uvas não maduras, estragadas, com fungos, etc.).

Desengaço e Esmagamento: após a seleção, as uvas passam pelos processos de desengaço, que consiste de separar a uva do cacho, e de leve esmagamento, que deve ser suficiente para romper a casca, mas não deve afetar a semente, pois isto traria amargor ao vinho.

Estes processos, feitos por máquinas especializadas, ocorrem na maioria dos vinhos, mas há exceções. Há situações em que se preserva parte do engaço para dar mais estrutura ao vinho e há situações em que as uvas não passam pelo esmagamento, sendo levadas inteiras para a fermentação.

Resfriamento: para os vinhos brancos, às vezes é preciso passar as uvas por um processo de resfriamento, para evitar o início prematuro do processo de fermentação.

Prensagem: este processo ocorre antes da fermentação nos vinhos brancos e após a fermentação nos tintos. O processo busca extrair o suco da uva para os vinhos brancos, uma vez que a fermentação ainda não ocorreu, e separar o vinho do restante da uva para os vinhos tintos, uma vez que a fermentação já ocorreu.

Nos tintos, o vinho obtido com a prensagem é denominado de vinho de prensa e possui elevados teores de cor e taninos, nem sempre sendo utilizado na composição final, ou sendo utilizado apenas parcialmente.

De qualquer forma, a prensagem deve ser leve, de modo a evitar o rompimento das sementes, que resultaria em amargor no produto final.

Decantação: este é um processo presente apenas nos brancos. Neste processo busca-se separar o suco da uva do mosto (suco + cascas + sementes + outros fragmentos). O processo pode ocorrer por decantação ou por centrifugação, sendo este último considerado mais agressivo.

Fermentação: é o processo no qual a ação de leveduras transforma o açúcar em álcool, calor e dióxido de carbono.

Neste processo as leveduras produzem componentes químicos que contribuem para a formação dos aromas do vinho.

As leveduras podem ser naturais, presentes na própria uva, ou cultivadas. O uso de leveduras naturais resulta, normalmente, em vinhos com maior complexidade aromática, mas torna o processo menos controlado.

As leveduras morrem quando o vinho atinge um teor alcoólico de 16º, encerrando o processo de fermentação. Logo, se a quantidade de açúcar presente na uva for muito grande, o processo de fermentação irá se encerrar antes que todo açúcar tenha se transformado em álcool e teremos como resultado um vinho com açúcar residual e, portanto, naturalmente doce.

As leveduras também morrem se a temperatura ficar muito alta, normalmente acima de 33º. Como a fermentação gera calor, muitas vezes é necessário utilizar mecanismos de resfriamento para se manter a temperatura de fermentação no nível desejado. A temperatura considerada ideal para a fermentação dos tintos é entre 24 e 32º (28 e 32º para os vinhos com maior estrutura). Para os brancos, a temperatura ideal de fermentação é entre 10 e 18º.

A fermentação pode se dar em tonéis de madeira (em alguns casos, pequenos barris de madeira), tanques de concreto revestido ou tanques de aço inoxidável. O uso de tanques de aço tem se tornado cada vez mais comum, pois facilita o controle de temperatura e a limpeza. Para os vinhos tintos top, ainda há muito uso de fermentação em madeira. Para os brancos, o mais comum é a fermentação em inox, com exceção para alguns vinhos feitos da uva Chardonnay, nos quais muitas vezes o enólogo opta pela fermentação em barris de madeira para aumentar a complexidade aromática dos vinhos.

Como os componentes de cor da uva estão na casca, a fermentação dos tintos se dá com a casca (a fermentação se dá a partir do mosto), enquanto a fermentação dos brancos se dá sem a casca, apenas com o suco.

Para os vinhos brancos, alguns produtores mantêm o vinho em contado com as borras (leveduras mortas) por algum tempo, o que contribui para aumentar os aromas e o frescor do vinho.

Maceração: nos tintos, este é um importante processo no qual se extrai os taninos, componentes de cor, antocianos e outros elementos da casca da uva. Durante o processo de fermentação as polpas e cascas da uva flutuam, formando um “chapéu” no topo do líquido. Este processo diminui a área de contato do líquido com a casca, tornando necessária a remontagem do mosto com o objetivo de aumentar esta área.

Há várias formas para se fazer este processo, sendo uma técnica comum o bombeamento do líquido do fundo do recipiente de fermentação para o topo do recipiente e dispersão do líquido sobre o chapéu.

Deve-se lembrar que a cor do vinho é fornecida pela casca, bem como a maior parte da sua estrutura, como os taninos. Logo, o tempo e a forma de contato do líquido com a casca são fatores chaves para a definição do vinho que se quer produzir.

A maceração pode ser: prolongada, na qual o contato do vinho com a casca se prolonga após o término do processo de fermentação, tipicamente por poucas dezenas de dias; média, na qual a separação do vinho do mosto é feita logo após o término do processo de fermentação; e curta, na qual a separação ocorre antes do término da fermentação, resultando em vinhos mais leves e macios (com menos taninos).

Fermentação Malolática: presente mais frequentemente nos tintos que nos brancos, este é o processo no qual o ácido málico do vinho é transformado, pela ação de bactérias, em ácido lático e CO2.

Este processo reduz o caráter frutado e aumenta a complexidade aromática do vinho, além de resultar em menor acidez percebida pelo degustador, uma vez que o ácido lático é mais macio que o málico.

Exatamente por resultar na diminuição da acidez, muitas vezes o processo é evitado nos vinhos brancos, nos quais se busca um caráter mais frutado e de frescor (que é resultado da acidez elevada).

Clarificação: utilizada para retirar restos de leveduras e outros sedimentos do vinho.

Uma forma comum de se fazer clarificação é a trasfega, que consiste em deixar que os sedimentos se depositem naturalmente no fundo do recipiente e, após isso, transferir o vinho para outro recipiente.

Outra abordagem, às vezes complementar a trasfega, é o uso de substâncias clarificantes, como clara de ovo, na qual se joga clara de ovo batida sobre o vinho, de modo que a mesma, ao se precipitar em direção ao fundo do recipiente, leve consigo os sedimentos em suspensão indesejados.

Finalmente, pode-se optar por filtrar o vinho, de modo a extrair eventuais sedimentos residuais. A filtragem, se muito fina, pode retirar componentes de aroma do vinho, resultando em queda de qualidade.

O uso de filtragem tem sido cada vez menos comum para os grandes vinhos, que se limitam a utilizar a trasfega e substâncias clarificantes ou apenas trasfega. Nestes vinhos, é comum haver depósito de sedimentos no fundo da garrafa com o passar do tempo, não sendo isto considerado um defeito.

Outra possibilidade, considerada agressiva para os melhores vinhos, é utilizar centrifugação para a clarificação do vinho.

Assemblage: Os vinhos cortados são feitos com vários tipos de uvas; por exemplo, um Grand Cru de Bordeaux é tipicamente uma composição de Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e Petit Verdot. O processo normal é produzir vinhos distintos com as diferentes uvas e só então fazer a mistura para se obter o vinho final que se deseja. Esta mistura de vinhos distintos para se compor o vinho final é o processo de assemblage.

Embora este processo seja mandatório apenas nos vinhos cortados, ele tem se tornado mais frequente em vinhos varietais. É cada vez mais comum, nas melhores vinícolas, se fazer a fermentação das uvas separadas por lote de terreno. Esta abordagem permite ao enólogo definir as características típicas associadas a cada lote de terreno da vinícola e, também, obter um vinho com características especiais a partir da mistura de vinhos, mesmo que do mesmo tipo de uva, provenientes de lotes separados.

Maturação em madeira: a maturação é o processo em que o vinho é colocado em barricas de carvalho para que ocorra, por meio de reações químicas, a transferência de características aromáticas e taninos da madeira para o vinho, resultando em aumento significativo na complexidade aromática dos vinhos.

A madeira que se utiliza para a construção destes barris é o carvalho, predominantemente de origem francesa ou americana.

Este processo é comum nos melhores vinhos tintos, mas nos brancos é utilizado, praticamente, apenas para os vinhos da uva Chardonnay.

Há um grande número de fatores que influenciam neste processo, como a origem do barril (que está associada à origem da madeira e processos de produção do barril), a técnica de construção do barril, a idade do barril, o tempo em que o vinho permanece em contato com o barril, etc.

Embora o tempo de maturação em madeira seja muito variável, valores de 12 a 36 meses são típicos para os melhores vinhos tintos.

O barril para maturação do vinho pode ser utilizado por um tempo máximo de 4-5 anos, mas, para os melhores vinhos, utiliza-se normalmente barris novos.

Engarrafamento: processo final em que o vinho é colocado nas garrafas, normalmente realizado por máquinas automáticas.

Embora o processo de fechamento da garrafa mais comum ainda seja a rolha, particularmente para os vinhos de maior qualidade, é cada vez mais comum o uso de screw cap e rolhas artificiais com este objetivo.

Envelhecimento: alguns vinhos passam um tempo guardado na vinícola, envelhecendo nas garrafas, antes de serem comercializados.

Em algumas regiões este tempo é regulado por legislação específica, podendo chegar a alguns anos.

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Com isto terminamos uma breve descrição dos processos necessários para se transformar uva em vinho.

Veja algumas fotos e figuras ilustrativas destes processos em http://picasaweb.google.com/jose.marcos.brito/TransformandoUvaEmVinho.
Abraço a todos,
Brito.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Que falta faz o bom senso!

Bom Senso e Canja de Galinha Não Faz Mal a Ninguém!

Este ano havia participado das rodadas finas de Roland Garros e tinha planejado também participar das rodadas finais do USOPEN. Assim, parti de São Paulo na segunda-feira (06/09) em direção a New York, gastando todas as milhas que tinha em uma viagem de primeira classe.

Estávamos já a caminho da pista de decolagem, após terminar nossa Champagne, quando o avião parou sem motivo aparente. Após alguns minutos, ouvimos a mensagem que as portas do avião seriam abertas, mas que devíamos permanecer sentados em nossos lugares.

Estranhando o procedimento, alguns passageiros questionaram uma das “aero-muito-velhas” (é amigo, em vôo de companhia aérea americana não tem aeromoça, a soma da idade da tripulação do meu avião devia ser quase igual à idade da Terra) sobre o motivo da parada.

A situação foi mais ou menos a seguinte: havia uma família de judeus ortodoxos no avião, composta de 7 (ou 10, dependendo da versão) pessoas. Todos estavam na classe econômica (ou animal class, como define um amigo) e havia uma mulher na classe executiva. A mulher estava tentando alguma mudança de lugar, que não ficou clara para nós, e acabou violando uma daquelas regras de segurança básica para decolagem. Ao ser abordada pela “aero-muito-velha”, a tal mulher teria agido com descaso e mandado a tripulante passear. Final da história, a “aero-muito-velha” reclamou com o comandante, que parou o avião a caminho da pista de decolagem e determinou que toda a família fosse retirada do avião.

Ou seja, um desentendimento simples, que poderia ser facilmente resolvido com um pouco de flexibilidade e bom senso, resultou na interrupção do vôo, intervenção policial e retirada de toda uma família do avião. Como se isto não bastasse, os procedimentos de segurança para casos de desembarque de passageiro impõem que as bagagens despachadas sejam retiradas do avião e que se faça um rastreamento para verificar se alguma bagagem de mão não foi deixada propositalmente no avião. Resultado: cerca de quarenta minutos parados esperando a situação se resolver. Como o tal do bom senso faz falta!

* * *

No metrô, indo para o torneio no primeiro dia, vejo um cidadão com aparência de mexicano, de baixa estatura, com roupas muito largas e cheio de tatuagens, brincos, piercings e anéis em todos os dedos. Mas o que mais me chamou a atenção não foi o cabelo de moicano, nem a fisionomia de bandido de brinquedo, nem as muitas tatuagens e adereços, mas um dos anéis do cara, que era uma chupeta de criança. Acho que nunca vi figura mais ridícula em toda minha vida...

* * *

Minha programação no USOPEN começava na terça-feira às 13:00 horas, com um jogo de oitavas-de-final (Wawrinka x Querry). Como a previsão era passar umas boas horas no ambiente do torneio, levei uma pequena mochila com alguns itens básicos (protetor solar, livro, boné, etc). Já tendo passado pela revista usual no setor de segurança fui barrado por uma espécie de supervisor dos seguranças. No começo não consegui entender bem o motivo e achei que era o tamanho da minha mochila (que era pequena). Ao ver passar ao meu lado uma mulher com uma bolsa duas vezes maior que a minha mochila questionei o supervisor sobre o motivo de eu ter sido barrado e recebi a seguinte explicação: o problema é que minha mochila tinha duas alças, para poder ser pendurada nas costas. Pasmo com a resposta, perguntei ao cara se eu poderia entrar se cortasse uma das alças e ele me respondeu que sim! Ou seja, o mega gênio que estabeleceu os procedimentos de segurança criou alguma correlação entre o número de alças de uma bolsa e o perigo que ela representa. Eu realmente gostaria de ter a oportunidade de conversar pessoalmente com este cara! Por sorte, eles tinham criado um lugar para que os pouco informados como eu pudessem deixar suas bolsas (ao modesto custo de US$ 5,00), com o único inconveniente de ter de andar cerca de 10 minutos para chegar ao local.

Finalmente dentro do complexo, ao me dirigir para o Artur Ashe Stadium, me deparo com um policial e um grande e belo cachorro pastor alemão deitado a seus pés. Ao olhar para o cachorro vejo que ele está de crachá!!! Isto mesmo amigo, crachá para o cachorro com foto e tudo.

Que falta faz o bom senso!!! E pensar que estes caras dominam o mundo!!!

Felizmente, a partir daí, foi só alegria, com um torneio fantástico, mas isto é motivo para outra conversa.

Abraço a todos,

Brito.

Le Beaujolais est Arrivé!

Le Beaujolais est Arrivé!
A região de Beaujolais se situa ao sul da Borgonha e se estende por algo em torno de 50 quilômetros. Embora oficialmente faça parte da Borgonha, esta região é normalmente considerada como uma região à parte, pois difere completamente das demais sub-regiões da Borgonha: os solos são diferentes, os climas são diferentes e as uvas são diferentes.

O solo em Beaujolais é de Granito e o clima é continental, com invernos frios e verões quentes e secos.

A uva utilizada para a produção do Beaujolais é a Gamay, que resulta em vinhos leves e frutados, com aromas de cerejas, framboesas, pêssegos, violetas e rosas e, às vezes, aroma de banana. Alguns vinhos de maior estrutura possuem um toque leve de especiarias. A Gamay talvez seja a uva tinta menos tânica do planeta!

As características do Beaujolais recomendam que o vinho seja tomado levemente gelado, em torno de 12º, de modo a destacar seus aromas frutados.

O Beaujolais mais simples é o Beaujolais Noveau, que é lançado no final de novembro (terceira quinta-feira de novembro é a data oficial de lançamento) e que dá origem ao título deste texto (“Le Beaujolais est Arrivé!” ou “O Beaujolais Chegou!”). Este vinho é comercializado no próprio ano da colheita e apresenta como características ser muito leve e frutado, sem grandes pretensões. De fato, é o vinho mais simples da região, que os produtores lançam para comemorar o final do processo de colheita e produção. Ou seja, tome este vinho apenas se você está buscando um aperitivo sem grandes ambições sensoriais. Este vinho corresponde a cerca de 1/3 da produção de Beaujolais.

Deixando de lado os Beaujolais Noveaus, os vinhos desta região podem ser separados em três categorias:
Beaujolais: vinhos simples de vinhedos normalmente localizados mais ao sul da região.
Beaujolais Village: de qualidade ligeiramente superior ao Beaujolais, é produzido de uvas provenientes de 39 aldeias, sendo em geral um corte de uvas ou de vinhos provenientes de diversas destas aldeias.
Beaujolais Cru: são os melhores vinhos da região, produzidos de uvas provenientes de uma de dez aldeias específicas: St. Amour, Juliénas, Chénas, Moulin-à-Vent, Fleurie, Chiroubles, Morgon, Régnié, Brouilly e Côte de Brouilly. Estas aldeias são localizadas em colinas íngremes de granito na parte norte de Beaulojais. O solo pobre e com boa capacidade de drenagem resulta em vinhos mais encorpados e complexos que os vinhos produzidos nas demais sub-regiões de Beaujolais. Estes vinhos, ao contrário dos demais desta região, podem ser guardados por alguns anos (cinco seria um bom número). Das dez villages, Moulin-à-Vent, Fleurie e Morgon são as que resultam em vinhos com mais estrutura.

Uma boa parte dos vinhos da região é produzida por négociants, que compram vinhos produzidos por produtores menores e os misturam para produzir o vinho final.

Uma pequena parte, principalmente os Beaujolais Crus, é produzida e engarrafada pelo próprio produtor.

O produtor mais famoso e destacado de Beaujolais é Georges Duboeuf (importador não localizado).

Além dele, também merecem destaque especial os seguintes produtores:
Louis Jadot – importado pela Mistral – U$ 38 a U$ 119
Chateau dês Jacques (também da Maison Louis Jadot) – importado pela Mistral – R$ 106
Jean-Paul Brun – importador não localizado
Dominique Piron – importador não localizado
Domaine du Vissoux – importador não localizado
Jean Claud Lapalu – importador não localizado
Jean Marc Burgaud – importador não localizado
Domaine dês Terres Dorées – importador não localizado

Com o verão chegando, se você prefere um tinto leve a um branco, talvez um Beaujolais seja uma boa pedida.

Abraço a todos,

Brito.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Degustação 11 - Uva Chardonnay

Degustação 11 – Uva Chardonnay


Como ainda estamos com foco na Borgonha, vamos agora relatar uma degustação de vinhos da uva Chardonnay, que é a uva branca de excelência desta região.

Esta degustação foi realizada como parte dos cursos da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS) em São Paulo, em junho de 2007. Participaram da degustação cerca de 40 pessoas, conduzidas pelo profissional da ABS.

Os vinhos degustados foram:

1) Casillero del Diablo Reserva 2005 – Chile – R$ 29
2) Bodega Terrazas de los Andes Terrazas Reserva 2005 – Argentina – R$ 58
3) Verget Macon-Charnay Lê Clos Saint-Pierre 2003 – Borgonha – França – R$ 110 – Importado pela World Wine
4) Joseph Drouhin Chablis 2005 – Borgonha – França – U$ 53 – Importado pela Mistral
5) Louis Jadot Pulligny-Montrachet 2000 – Borgonha – França – U$ 113 – Importado pela Mistral

Dois vinhos se destacaram entre os demais, o Louis Jadot da Borgonha e o Terrazas Reserva da Argentina, sendo que este último tem um preço muito mais atraente do que o primeiro.

Vamos as notas de degustação dos vencedores:

Terrazas Reserva 2005

Cor amarelo palha para ouro.

Aromas: levemente frutado, boa complexidade, coco, maçã, manteiga, leve defumado.

Boa acidez, excelente equilíbrio.

Este vinho havia recebido apenas 85 pontos da Wine Spectator, mas na opinião dos participantes da degustação sua nota seria em torno de 89 pontos.

A safra recente mais bem pontuada é a de 2007, com 86 pontos da Wine Spectator.

Louis Jadot Pulligny-Montrachet 2000

Cor amarelo ouro.

Aroma frutado, com predominância de frutas maduras, limão, pêra, maça, nozes.

Muito bom equilíbrio.

A safra de 2000 não foi analisada pela Wine Spectator nem pelo Parker, mas na opinião dos degustadores recebeu 89.5 pontos.

As safras de 2005 e 2006 receberam 90 pontos da Wine Spectator e a safra de 2006 recebeu 89+ pontos do Parker.

Boas compras e abraço a todos,

Brito.

Uva Branca Clássica - Chardonnay


UVA BRANCA CLÁSSICA – CHARDONNAY



A Chardonnay é uma das uvas mais plantadas no mundo, se adaptando bem em várias partes do globo e a diferentes climas.

Os vinhos de Chardonnay são encorpados. A estrutura da uva permite ao enólogo a utilização de madeira para amadurecimento do vinho e mesmo para fermentação.

Os vinhos que passam por madeira tendem a ser mais sedosos, amanteigados, do que os que são fermentados em aço e não são amadurecidos em carvalho.

Os aromas esperados são: baunilha, manteiga, caramelo, maçã verde, limão, abacaxi.

Além da produção de vinhos brancos secos, a Chardonnay é uma das três uvas principais para a produção do Champagne e também é utilizado para produção de vinhos espumantes em todo o mundo.

Os grandes vinhos de Chardonnay são os da região da Borgonha, na França, seguidos de perto pelos americanos e, um pouco mais distante, mas ainda com grande destaque, os vinhos da Austrália.

Além dos países acima, podemos destacar também os vinhos da Nova Zelândia, Itália, Chile, Argentina e África do Sul.

Ou seja, a Chardonnay é capaz de produzir excelentes vinhos em grande parte do mundo.

Alguns vinhos Chardonnay com boa relação qualidade/preço, em ordem crescente de preço, disponíveis no Brasil são:

  • Vina Tabali Special Reserve Chardon 2007 – Chile – Pontuação: RP 91 – R$ 71 – Importado pela Grand Cru

  • Casa Lapostolle Cuvee Alexandre Chardonnay 2008 – Chile – Pontuação: WS 90 – U$ 48 – Importado pela Mistral

  • Catena Zapata Catena Alta Chardonnay 2007 – Argentina – Pontuação: RP 93 e WS 91 – U$ 53 – Importado pela Mistral

  • Lês Crêtes Chardonnay Clássico Valle d’ Aosta 2006 – Itália – Pontuação: RP 92 – R$ 95 – Importado pela Cellar

  • Vina Leyda Lot 5 Chardonnay 2008 – Chile – Pontuação: RP 91 – R$ 109 – Importado pela Grand Cru

  • Vie di Romans Chardonnay Vie di Romans 2006 – Itália – Pontuação: RP 93 – U$ 93 – Importado pela Vinci

  • Kumeu River – Maté’s Vineyard Chardonnay 2006 – Nova Zelândia – Pontuação: RP 95 e WS 91 – U$ 114 – Importado pela Mistral

Os vinhos da Borgonha, infelizmente, são mais caros e não entram nesta lista. Para uma lista específica de vinhos com boa relação qualidade/preço desta região veja texto “Borgonha II”, já publicado.

Com o verão chegando, um bom Chardonnay acompanhando um camarão ou uma boa lagosta é uma ótima pedida.

Abraço a todos,

Brito.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Viajando pela Borgonha - Parte II

Viajando pela Borgonha – Parte II

A rota dos Grands Crus da Borgonha é uma estrada secundária que liga Dijon a Beaune, no coração da região dos grands crus. São cerca de 45 km de estrada, passando, dentre outros vilarejos, por Fixin, Gevrey-Chambertin, Morey-St-Denis, Chambolle-Musigny, Vougeot, Vosne-Romanée, Nuits-St-Georges, Aloxe-Corton e, finalmente, Beaune. Ao sul de Beaune ainda há várias outras vilas importantes, como Pommard, Volnay, Puligny-Montrachet e Chassagne-Montrachet. O tempo para percorrer este trajeto depende de quantas vilas e vinícolas você quer visitar.

O ponto central da região de Côte d’Or é a pequena cidade de Beaune, com 22.000 habitantes. O centro velho da cidade, que é onde estão as principais atrações, pode facilmente ser explorado a pé em um único dia. Há dezenas de lojas de vinhos oferecendo degustações, vários bar à vin que oferecem uma grande variedade de vinhos em taça, cafés, restaurantes, brasseries, etc. Ou seja, há dezenas de oportunidades para explorar os vinhos e a culinária da Borgonha, em uma vila pequena, charmosa e agradável.

A grande atração turística de Beaune é o Hotel-Dieu. Originalmente uma hospedaria, fundada em 1443, hoje o prédio é uma jóia arquitetônica medieval que abriga várias obras de arte religiosas, além de uma espécie de museu. Seus telhados coloridos vitrificados oferecem um visual deslumbrante e são um espetáculo à parte.

Em minha última visita a Beaune, ao sair do Hotel-Dieu, nos deparamos com uma espécie de feira de espumantes da Borgonha. Vários produtores estavam expondo seus vinhos para degustação, com a única condição de que se comprasse uma taça de degustação, que estava à venda por E$ 3. Compramos a taça e experimentamos uma meia dúzia de bons vinhos (o foco era: espumantes da Borgonha). Junto com a exposição estava ocorrendo alguns eventos da escola de vinhos da Borgonha, infelizmente em Francês. Mas, mais do que os vinhos e as palestras, o que nos chamou a atenção foi a forma que eles utilizaram para ilustrar as diversas famílias de aromas que podemos encontrar em um vinho. Eles criaram um espaço com vários decanters gigantes (veja foto no álbum), cada um contendo produtos naturais daquela família aromática (por exemplo, para ilustrar o aroma de frutas vermelhas havia um decanter com vários tipos de frutas vermelhas). Esta experiência sensorial foi realmente interessante; pena que são necessários muito espaço e muito dinheiro para reproduzir este experimento em nossas degustações.

Em termos gastronômicos, há dois restaurantes com uma estrela do Guia Michelin na cidade, além de mais dois localizados nos arredores.

Uma boa dica é o restaurante Loiseau dês Vignes (http://www.bernard-loiseau.com/FR/BOURGOGNE/vignes/), no centro histórico de Beaune. Um local aconchegante, com cozinha de alta qualidade (uma estrela) voltada para pratos clássicos da culinária local. Há uma grande oferta de vinhos em taça, o que abre possibilidades interessantes de harmonização. Uma boa escolha é pedir o menu degustação, E$ 75 (sem a bebida), e ir tentando harmonizar cada prato servido com um vinho diferente.

Mas nem tudo são rosas em uma viagem como esta. No segundo dia em Beaune, no almoço, escolhemos um restaurante ao acaso no centro da cidade e tivemos a primeira surpresa negativa: pedimos um prato que tinha no nome Confit de Canard (não entendemos o resto por falta de habilidade com a língua francesa) e comemos, na verdade, uma espécie de escondidinho de pato desfiado, decepcionante. Nem o vinho, que também foi escolhido ao acaso, impressionou. Ou seja, esquece...

Na segunda noite saímos para jantar sem ter feito reserva, pois não era alta temporada, e encontramos todos os restaurantes da minha lista lotados. Acabamos voltando para o hotel e tendo um jantar mais modesto do que o planejado, embora bom. Lição aprendida: não custa nada dar um telefonema e reservar o restaurante logo que chegar à cidade ou mesmo mandar um e-mail com alguns dias de antecedência com o mesmo objetivo.

Visitar vinícolas na Borgonha não é muito simples. Muitas delas são muito pequenas e não é possível sequer encontrar um ponto de contato para solicitar a visita. Há algumas poucas vinícolas grandes em que isto é mais fácil, como Louis Jadot e Joseph Drouhin.

Vale ressaltar que a visita a vinícolas é importante, principalmente quando é realizada de forma mais intimista e não turística, para adquirir conhecimentos sobre os métodos e técnicas da região a partir de conversas com quem faz! No entanto, entre uma visita meramente turística, na qual você será burocraticamente atendido junto com um grupo de dezenas de pessoas, e uma boa tarde gasta em um bom bar à vin, onde você terá oportunidade de degustar vários vinhos de várias regiões, fique com a última opção.

Em minhas duas idas à Borgonha tentei visitar vinícolas menores, nas quais teria mais chance de conversar com o enólogo ou mesmo com o proprietário. As três vinícolas que visitei foram:

Chateau de La Tour Clos de Vougeot: a vinícola foi construída em 1890 e possui 6 hectares de videiras (a maior de Clos de Vougeot). O chateau trabalha com produtividade baixa na videira, 29 hectolitros por hectare, permitindo a vinificação de vinhos diferenciados. A fermentação é feita em aço inoxidável e o amadurecimento utiliza barrica nova de carvalho francês em função da estrutura de cada safra. Aromas esperados para o vinho são: trufas, alcaçuz, violeta e menta. O atendimento na vinícola não é bom e você não irá obter informações técnicas sobre o processo de vinificação, mas poderá degustar algumas poucas safras a um preço razoável

Domaine Chandon de Briailles: este domaine (http://www.chandondebriailles.com/) é de propriedade da mesma família desde 1834, tendo como sede um belo prédio localizado na village de Savigny-les-Beaune. São 13 hectares de videiras distribuídas igualmente em três villages: Savigny-les-Beaune, Pernand-Vergelesses e Aloxe-Corton. A vinícola recebeu 2 estrelas, de um máximo de 3, do livro The Wines of Burgundy de Clives Coates. A produtividade é, em média, de 35 hectolitros por hectare. Os vinhos tintos são fermentados em tanques de concreto, enquanto os brancos utilizam barricas de carvalho. O amadurecimento dos vinhos tintos se dá em barricas de carvalho por um período entre 18 e 24 meses.

O domaine produz nove vinhos: dois premiers crus de Savigny-les-Beaune (Aux Fourneaux e Les Lavières); dois premiers crus de Pernand-Vergelesses (Ile des Vergelesses e Les Vergelesses); um premier cru de Aloxe-Corton (Les Valozières) e quatro grands crus de Corton (Les Maréchaudes, Les Bressandes, Le Clos du Roi e Le Charlemagne).

Nesta vinícola fomos muito bem recebidos, em uma visita exclusiva, pelo proprietário, François de Nicolay, que nos explicou a filosofia da casa e nos brindou com uma degustação, realizada entre seus barris no subsolo da vinícola, de seis de seus melhores vinhos. Destes, dois merecem destaque: Savigny-les-Beaune 1er cru Les Vergelesses 2006 e Corton Grand Cru Les Bressandes 2001.


Infelizmente, Nicolay não exporta para o Brasil!

Enquanto nos explicava suas técnicas e métodos, Nicolay soltou, ao se referir ao processo de fermentação, uma pérola: “aço inox é bom para leite e não para vinho”.

Domaine Michel Gros: Esta foi a terceira vinícola que visitamos (http://www.domaine-michel-gros.com/). É uma vinícola 3 estrelas do livro The Wines of Burgundy de Clives Coates e fica na região de Vosne-Romanee, possuindo 19 ha de videiras. Esta vinícola também possui uma boa gama de vinhos da Borgonha. Degustamos cinco vinhos, todos bons, com destaque para o vinho Vosne-Romanée 1er Cru Clos de Réas 2005.



O atendimento aqui, embora bom e também exclusivo, foi mais burocrático que aquele que recebemos na Chandon de Briailles.

Por fim, vale destacar também a visita ao Chateau Clos de Vougeot, principalmente pelo aspecto histórico.

Nesta etapa da viagem degustamos 25 vinhos, dos quais se destacaram os três listados acima.

Após deixar Beaune é hora de pegar novamente a rota dos vinhos e dirigir, parando obviamente nas principais villages, na direção de Beaujolais, próxima parada no nosso roteiro.

Mas isto é história para outro texto.

Para visualizar algumas fotos da viagem, visite o facebook ou http://picasaweb.google.com/jose.marcos.brito/ViajandoPelaBorgonhaParteII

Abraço a todos,

Brito.

domingo, 28 de novembro de 2010

Viajando pela Borgonha - Parte I

Viajando pela Borgonha – Parte I

Vindo da Alsácia, a porta natural para entrada na Borgonha é a cidade de Dijon.

Dijon é próxima ao início da “Rota dos Grands Crus da Borgonha” e é um excelente ponto de partida para visitar esta que é uma das principais regiões vinícolas da França e do mundo.

Dijon é uma cidade com cerca de 150 mil habitantes, com um belo centro histórico que pode ser facilmente percorrido a pé em um dia. Os pontos altos estão relacionados à arquitetura das igrejas e outras construções. Logo, é preciso percorrer as ruas com calma e atenção para desfrutar a beleza que elas podem proporcionar.

Os principais destaques de Dijon são: a igreja gótica de Notre-Dame, do século XIII, com suas gárgulas; a fachada da igreja de St. Michel, com belíssimos detalhes esculpidos em seu portal; e o Palais dês Ducs, onde atualmente está a prefeitura de Dijon, uma bela construção localizada em uma praça especial.

Todo mundo já ouviu falar da mostarda de Dijon, mas em termos de gastronomia Dijon é mais do que mostarda. A cidade possui três restaurantes estrelados (1 estrela do Guia Michelin), além de contar com mais 18 estrelados nas pequenas cidades localizadas em um raio de 50 km (sendo um com duas estrelas e dois com três estrelas). Portanto, se você gosta de explorar o melhor da gastronomia mundial, precisa passar alguns dias por aqui!

Dois restaurantes que eu destacaria, localizados em Dijon, são:

Le Pré Aux Clercs (uma estrela do guia Michelin): bom restaurante, boa comida, local agradável, carta de vinho simples, preços em torno de E$ 75 (bebida não incluida). Você pode encontrar mais detalhes em http://www.jeanpierrebilloux.com/.


Hostelerrie du Chapeau Rouge (uma estrela do guia Michelin): comandado pelo chef William Frachot, este é um belo restaurante de cozinha contemporânea, mas mantendo conexão com a tradição francesa. Os menus ficam entre E$ 45 e E$ 100 (bebida não incluída). O restaurante possui uma carta de vinhos destacada, com bons exemplares da Borgonha. Maiores detalhes podem ser econtrados em http://www.chapeau-rouge.fr/.

Antes de explorar a Rota dos Grands Crus da Borgonha é preciso explorar alguns pontos turísticos fantásticos nas proximidades de Dijon.

A primeira atração é a Abadia de Fontenay, fundada em 1118, a mais antiga abadia da ordem cisterciense remanescente na França. O prédio simples, mas imponente, e seus belos jardins inspiram momentos de paz e tranqüilidade. O interior, austero e monástico, tem como pontos altos a igreja e os claustros. De Dijon até Fontenay são cerca de 80 km. Logo, é possível sair cedo de Dijon e visitar a abadia ainda pela manhã.

Saindo de Fontenay, uma boa pedida é dirigir mais 80 km e visitar a Basílica de Santa Madalena, em Vézelay. A majestosa basílica do século XII se destaca no alto do morro de Vézelay. A nave ampla com seus belos arcos de sustentação criam um ambiente mágico; as esculturas em seus pórticos, colunas e capitéis merecem um olhar atencioso.

Antes de chegar a Vézelay, no entanto, vale uma visita ao pequeno vilarejo de Semur-em-Auxois, com 5 mil habitantes. Da estrada já se pode ver as muralhas da cidade, construídas no século XIV. Como ponto alto da cidade tem-se a Igreja de Notre-Dame, dos séculos XIII e XIV.
Para ver algumas fotos destas atrações, visite:
Na semana que vem continuamos esta viagem.
Abraço a todos,
Brito.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Robert Parker, Wine Spectator, Decanter, Considerar ou Não?

Robert Parker, Wine Spectator, Decanter, Considerar ou Não?
Estava em uma degustação especial na principal loja de uma das grandes importadoras do Brasil e ouvi de um dos gerentes da loja: “deixa eu falar a pontuação do vinho, pois brasileiro gosta de pontuação”!

A fala, obviamente, foi de ironia e crítica ao hábito de olharmos para as pontuações que os vinhos obtiveram nas revistas especializadas (Wine Spectator, Robert Parker, Decanter) para decidir se os compramos ou não.

Mas afinal, este é um hábito saudável ou que nos limita em termos de experimentação sensorial? O que é um vinho bom, afinal? Como devemos proceder para decidir sobre a compra de um vinho?

O mundo do vinho é infinito! Há dezenas (ou centenas) de milhares de vinhos diferentes, não só no rótulo, mas também nos aromas, na qualidade, na complexidade e no preço. Ou seja, quando estamos nos referindo aos bons vinhos, não há produtos iguais. Então, em um cenário de tanta oferta, qual vinho você deve comprar?

Este cenário se agrava pelo fato de cada importadora trabalhar com um conjunto exclusivo de rótulos (quase sempre), o que impede a comparação dos preços e, consequentemente, a definição de qual importadora oferece a melhor relação custo/benefício. Para ilustrar esta questão, há importadoras no Brasil que praticam preços em torno de duas vezes o preço do vinho na origem e há quem pratique um preço seis vezes o preço original do vinho!

Obviamente que vinho bom é aquele que você gosta. Mas com infinitas opções, aquele vinho que você já tomou algumas vezes, e que gosta, é realmente a melhor compra? Provavelmente não!

Toda vez que vou a Paris faço uma visita à loja Lavínia, que considero uma das melhores da cidade. Esta loja possui mais de 5.000 rótulos de dezenas de diferentes países! Se você é um grande bebedor de vinho e bebe 4 garrafas por semana, levaria 1.250 semanas, ou algo em torno de 24 anos, para experimentar toda a gama de vinhos oferecida por uma única loja!

Uma única grande importadora brasileira tem mais de 1.000 rótulos em seu catálogo; de novo, com 4 garrafas por semana, você levaria algo em torno de 5 anos para experimentar só os vinhos desta importadora!

Ou seja, experimentação pessoal não é uma boa estratégia para definir a melhor compra no mundo dos vinhos.

Se experimentação pessoal não é a melhor estratégia, o que fazer? Entrar na loja e comprar o vinho que o vendedor quer te vender? Certamente não!

Há um mundo de profissionais que vivem de analisar a qualidade dos vinhos, representados pelas principais publicações existentes no mundo: Wine Spectator, Robert Parker e Decanter. Porque não utilizar este conhecimento especializado?

Seu dinheiro é, infelizmente, limitado. Você tem, por exemplo, R$ 250 para gastar em um bom vinho. Vai a uma grande loja e verifica que há dezenas (ou centenas) de vinhos que cabem no seu orçamento. O vendedor te indica o vinho X e você compra. Esta foi realmente a melhor compra possível? A resposta de novo é não!

Embora alguns vendedores critiquem o sistema de pontuação das melhores revistas (em geral aqueles das importadoras que não possuem bom desempenho nestes quesitos), eu acredito que este ainda é o melhor método para definir a compra dos vinhos. Vou dar um simples exemplo: com os seus R$ 250 há possibilidade de comprar um vinho de 87 pontos e um vinho de 95 pontos; dado que você não conhece nenhum dos dois, qual você compraria?

Minha conclusão sobre este tema é simples: se você não é um grande especialista, siga a crítica e você sempre fará a melhor compra. No entanto, isto não significa que você não possa e não deva fazer experimentações fora deste universo, pois talvez você fosse gostar mais do vinho de 87 pontos do que do vinho de 95 pontos, mas é melhor que estas experiências sejam feitas em ambientes de degustações e feiras de vinhos, nos quais você consegue experimentar uma grande variedade por um custo razoável e, a partir dessas experiências, ir montando a sua lista de preferência pessoal.

Eu, particularmente, utilizo os seguintes critérios para definir minhas compras:
  1. Em todas as degustações e feiras de importadores que participo, anoto aqueles vinhos que mais me impressionaram e os coloco em minha lista de compra. Esta anotação independe da crítica, pois reflete o meu gosto pessoal, com a vantagem que não tive de comprar uma garrafa do vinho para estabelecer minha opinião sobre o mesmo.
  2. Ao receber os catálogos das principais importadoras, faço uma grande tabela que reflita a pontuação e o custo de cada vinho. Analisando esta tabela (em função da uva, região e país), defino os vinhos com a melhor relação qualidade/preço disponíveis no mercado nacional.

Só compro vinhos com base nestes dois critérios e, eventualmente, com base na opinião de algum amigo cujo gosto pela bebida eu considere relevante.

Avalio cada vinho que compro e, a partir dessas avaliações, vou montando uma lista permanente de compra por faixa de preço, país e uva. Esta lista está em constante construção e nunca deixo de continuar provando novos rótulos, utilizando os dois critérios acima.

Para finalizar, se o vendedor de uma loja quiser te vender um vinho de 87 pontos por R$ 250 e você sabe que existe outro vinho, da mesma uva, do mesmo país, com o mesmo preço, mas com 95 pontos, mande este vendedor passear, que ele está querendo te enganar e não te livrar de uma “ditadura” das revistas especializadas, como alguns argumentam.

Abraço a todos,

Brito.

domingo, 21 de novembro de 2010

Degutação 10 - Pinot Noir

DEGUSTAÇÃO 10 – PINOT NOIR

Continuando a série de degustações dedicadas a vinhos e uvas da Borgonha, temos uma degustação dedicada à uva Pinot Noir, realizada na Associação Brasileira de Sommeliers em São Paulo, em junho de 2007, como parte do curso oferecido pela Associação.

Foram apenas quatro vinhos degustados:

1) Santa Helena Seleccion del Directorio Pinot Noir Gran Reserva 2003 – Chile – Interfood – R$ 49
2) Bodega Chacra Barda Pinot Noir 2005 – Argentina – Grand Cru – R$ 120
3) Coldstream Hills Pinot Noir 2005 – Austrália – Mistral – U$ 40
4) Domaine David Duband Hautes Côtes de Nuits Cuvée Louis Auguste 2004 – França – Vinci – U$ 76

Nesta degustação aconteceu algo inusitado, um dos vinhos, o Santa Helena, teve grande destaque negativo, ficando em um patamar muito inferior aos demais.

O destaque positivo foi o Coldstream da Austrália.


Seguem alguns detalhes do vencedor:

Cor rubi para tijolo. Aromas de frutas pretas, ameixa, especiarias, com toque de caramelo.

Boa acidez, taninos finos, corpo médio e bom equilíbrio. 90 pontos na minha avaliação.

Passou 9 meses em barrica de carvalho francês, novas e com 1, 2 e 3 anos.

A safra de 2008 recebeu 90 pontos do Parker e é uma boa compra de Pinot.
Abraço a todos,
Brito.

Degustação 09 - Borgonha


DEGUSTAÇÃO 09 – BORGONHA

Como nas últimas semanas tenho postado textos sobre a Borgonha, vou dedicar esta e as duas próximas descrições de degustações a vinhos da região e vinhos de Pinot Noir e Chardonnay, que são as duas principais uvas da Borgonha.

Esta degustação foi realizada na Expand, em Campinas, em junho de 2007, como parte de um mini-curso sobre a região da Borgonha. Estavam presentes dez pessoas, sendo o processo conduzido pelo somellier da casa.

Foram apenas quatro vinhos degustados, obviamente todos importados pela Expand:

1) Albert Bichot Domaine Long Depaquit Chablis 1er Cru Lês Vaucopins 2004 – R$ 155
2) Macon les Epillets Cave de Lugny 2005 – Uva Gammnay - R$ 50
3) Domaine Mongeard Mugneret Fixin 2004 – R$ 278
4) Albert Bichot Chasagne Montrachet 2004 – R$ 170

Dos quatro, para mim, destacou-se o Chablis de Albert Bichot. Seguem comentários adicionais sobre o campeão:

Cor amarelo ouro para palha. Aroma de frutas cítricas, pêra, maçã, nozes, toque mineral. Boa acidez e bom equilíbrio. 90.5 pontos em minha avaliação e 89 pontos da Wine Spectator.

Fermentado em aço inox e maturado de 9 a 11 meses antes do engarrafamento.

As safras de 2007 e 2008 receberam 90 pontos do Parker e são uma boa compra.
Abraço a todos,
Brito.

sábado, 20 de novembro de 2010

Uvas Tintas Clássicas - Pinot Noir


Uvas Tintas Clássicas – Pinot Noir


A Pinot Noir é uma das uvas mais difíceis de plantar e vinificar. As melhores manifestações da Pinot se dão em locais de clima frio e com baixa produtividade. Um vinho feito de Pinot plantada em local inadequado e com produtividade alta é, em geral, muito decepcionante.

A Pinot é uma uva que resulta em vinhos com menos corpo e tanino que outras francesas, como a Cabernet e a Merlot. É uma uva mais elegante, que pode atingir complexidades incríveis nos melhores vinhos.

Seus aromas incluem frutas vermelhas e pretas, cerejas, ameixa, cogumelo, tabaco, chocolate, caça, trufas e aromas terrosos.

Os melhores vinhos de Pinot Noir são os feitos na região da Borgonha, na França. Em segundo plano, mas também com grande destaque, estão as regiões do Oregon e Califórnia, nos EUA, e a Nova Zelândia. Finalmente, ainda com qualidade média acima do padrão, temos a Austrália e a Itália.

Normalmente os vinhos feitos com esta uva são varietais, pois é difícil sua composição com outras uvas de forma harmônica. Exceção a esta regra é o Champagne, que utiliza, na maioria dos vinhos, um corte de Pinot Noir, Chardonnay e Pinot Meunier.

Em função das dificuldades que a Pinot oferece, e considerando que a Borgonha, sua maior expressão, não produz vinhos de qualidade baratos, é difícil encontrar vinhos com boa relação qualidade/preço desta uva. Alguns vinhos que podem ser classificados como boa compra, disponíveis no Brasil, são:


  • Barda Pinot Noir 2008 – Argentina – importado pela Expand – 90 pontos da Wine Spectator – R$ 98

  • Garces Silva Amayna Pinot Noir 2007 – Chile – importado pela Mistral – 91 pontos do Robert Parker – U$ 54

Para uma lista de vinhos com boa relação qualidade/preço feitos da região da Borgonha veja texto “Borgonha II – Regiões e Vinhos”, já publicado.

Abraço a todos,

Brito.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Borgonha II - Regiões e Vinhos

BORGONHA II – REGIÕES E VINHOS


Das quatro regiões da Borgonha, Mâconnais é mais voltada para os vinhos brancos, sem grande destaque, e Côte Chalonnaise produz brancos e tintos, mas também sem muito destaque.

Os principais vinhos de Mâconnais são Mâcon Villages, Pouilly-Fuissé e St. Véran, enquanto os mais famosos vinhos do Chalonnaise são os tintos de Mercurey e os brancos de Montagny.

A região de Côte Chalonnaise não possui vinhedos Grands Crus, mas possui vários Premiers Crus

As regiões mais importantes da Borgonha são a de Chablis e a de Côte d’Or, tratadas com um pouco mais de detalhe a seguir.

Chablis: esta é a região mais ao norte da Borgonha, cerca de apenas 160 km de Paris e 32 km da região de Champagne. Esta região é totalmente dedicada à produção de vinhos brancos da uva Chardonnay.

O clima frio e o solo calcário da região resultam em vinhos de grande acidez e com uma mineralidade acentuada, às vezes com um toque de mel.

A fermentação dos vinhos se dá em tanques de aço, velhos tonéis de madeira ou barris de carvalho (em geral utilizados pelos Grands Crus, que tem mais estrutura para se beneficiarem do carvalho).

Para os vinhos mais intensos, é comum utilizar o amadurecimento em barris de carvalho.

Os vinhos com denominação Petit Chablis têm, em geral, qualidade inferior aos demais, incluindo o Chablis genérico.

Há sete vinhedos Grands Crus e 17 Premiers Crus nesta região. Os vinhos mais básicos daqui não possuem, em geral, alta qualidade, transformando sua compra em uma loteria.

Os produtores de maior destaque da região de Chablis são:

  • Domaine Raveneau – importador não localizado
  • Domaine Vincent Dauvissat – importador não localizado
  • Domaine William Fevre – importado pela Grand Cru – R$ 110 a R$ 477

Além destes, também merecem destaque especial:

  • Domaine Billaud-Simon – importado pela Terroir – faixa de preços não localizada
  • Domaine Laroche – importado pela World Wine – R$ 95 a R$ 2.090
  • Jean-Marc Brocard – importado pela Zahil – R$ 240 a R$ 450
  • Domaine Louis Michel et Fils – importador não localizado

Côte d’Or, Côte de Nuits e Côte de Beaune: a região de Côte d’Or, que se estende por cerca de 40 quilômetros apenas, é composta pelas sub-regiões de Côte de Nuits e Côte de Beaune e é a principal da Borgonha, produtora da maior parte dos seus vinhos lendários.

A sub-região de Côte de Nuits, mais ao norte, produz principalmente tintos, enquanto Côte de Beaune produz tintos e brancos, mas com maior destaque para os brancos.

Em geral, os tintos da Côte d’Or possuem aromas terrosos, de caça, com toques de especiarias, chocolate, trufas e alcaçuz. Já os brancos apresentam aromas de mel, castanhas, trufas e baunilha. Os melhores vinhos desta região são de complexidade extraordinária.

As principais Villages da Côte d’Or são:

  • Côte de Nuits: Gevrey-Chambertin, Morey-St. Denis, Chambolle-Musigny, Vougeot, Flagey-Echézeaux e Vosne-Romanée.
  • Côte de Beaune: Pernand-Vergelesses, Ladoix-Serrigny, Aloxe-Corton, Puligny-Montrachet, Chassagne-Montrachet.

Ao todo as villages acima possuem 30 vinhedos Grands Crus, dos 37 da Borgonha.

Além destas villages, também merecem destaque especial a village de Nuits-St. Georges, na Côte de Nuits, e as villages de Savigny-lès-Beaune, Beaune, Pommard, Volnay e Mersault, todas na Côte de Beaune.

Como já dissemos, há um grande número de produtores na Borgonha, em geral produzindo pequena quantidade de vinhos distintos. Isto é particularmente verdadeiro para as regiões de Côte de Nuits e Côte de Beaune, tornando uma tarefa muito árdua destacar produtores nestas regiões. Em uma primeira análise selecionei cerca de 90 produtores que se destacam entre os demais. A seguir, listo os de maior destaque dentre os 90 pré-selecionados.

Produtor hors concours:

O Domaine de la Romanee-Conti (D.R.C) é um caso a parte. Este domaine produz alguns dos vinhos mais desejados e admirados do planeta que, infelizmente, alcançam preços estratosféricos. Aqui só se produzem Grands Crus, sendo que dois deles são monopoles. Os vinhos do D.R.C., importados pela Expand, são os seguintes:

  • Romanee Conti (monopole) – R$ 10.980 a R$ 24.000
  • La Tache (monopole) – R$ 3.850 a R$ 4.200
  • Echezeaux – R$ 1.650
  • Grands Echezeaux – R$ 1.980 a R$ 3.668
  • Montrachet – R$ 8.500 a R$ 9.950
  • Richebourg – R$ 3.180 a R$ 3.850
  • Romanee St Vivant – R$ 2.980 a R$ 4.850


Deixando o D.R.C de lado, podemos listar alguns outros produtores excepcionais, que são:

  • Domaine Leroy – importado pela Zahil – R$ 1.470 a R$ 1.650
  • Louis Jadot – importado pela Mistral – U$ 49 a U$ 846
  • Leflaive – importado pela Expand – R$ 235 a R$ 2.250
  • Méo-Camuzet – importado pela Mistral – U$ 86 a U$ 580
  • Joseph Drouhin – importado pela Mistral – U$ 37 a U$ 500
  • D’Auvenay – importador não localizado
  • Comtes Lafon – importador não localizado
  • Ramonet – importador não localizado
  • Armand Rousseau – importador não localizado

Finalmente, alguns produtores de grande destaque são:

  • Bernard Dugat-Py - importado pela World Wine – R$ 297 a R$ 1.727
  • Comte de Vogué – importado pela Mistral – U$ 210 a U$ 1.128
  • Jean Grivot – importado pela Mistral – U$ 185 a U$ 479
  • Georges Roumier - importado pela Expand – R$ 325 a R$ 1.300
  • Jacques Prieur – importado pela Casa do Porto – R$ 120 a R$ 2.160
  • Bouchard Pere et Fils – importado pela Grand Cru – R$ 65 a R$ 2.623
  • Denis Mortet – importado pela World Wine – R$ 277 a R$ 2.319
  • Domaine Dujac – importado pela Expand – R$ 320 a R$ 998
  • Bruno Clair – importado pela Vinci – U$ 42 a U$ 556
  • J. F. Mugnier – importado pela Cellar – R$ 270 a R$ 2.500
  • Etienne Sauzet – importador não localizado
  • Marc Colin – importador não localizado
  • Michel Lafarge – importador não localizado
  • Tollot Beaut et Fils – importador não localizad0.

Como se pode ver pelas faixas de preços apresentadas, não é fácil explorar os melhores vinhos da Borgonha!

Em uma análise mundial, comparando vinhos de diversos países e regiões, não há vinhos de boa relação custo/benefício na Borgonha. Ou seja, vinhos bons da Borgonha são caros.

No entanto, em uma comparação apenas entre vinhos desta região, merecem destaque pela relação qualidade/preço os seguintes vinhos tintos, ordenados em ordem crescente de preço:
1) Savigny-Les-Beaune La Dominode 2004 (Premier Cru) Domaine Pavelot – importado pela World Wine – R$ 195 – RP 89-91
2) Fixin Lês Hervelets Vieilles Vignes 2004 (Premier Cru) Dominique Laurent – importado pela World Wine – R$ 210 – RP 93-95
3) Gevrey-Chambertin Clos de Meixvelle 2005 Domaine Pierre Gelin – importado pela Mistral – U$ 120 – WS 91
4) Pommard Clos dês Ursulines 2003 Albert Bichot – importado pela Expand – R$ 248 – WS 91
5) Nuits-St Georges Lês Vaucrains 2006 (Premier Cru) Bertrand Ambroise – importado pela Cellar – R$ 250 – RP 93
6) Chambolle-Musigny Cuvee dês Cigales 2005 Domaine Ponsot – importado pela Mistral – U$ 154 – RP 90-92
7) Nuits- St Georges Lês Saint Georges 2008 (Premier Cru) Domaine Henri Gouges – importado pela Grand Cru – R$ 290 – RP 94
8) Gevrey-Chambertin Lês Cazetiers 2007 (Premier Cru) Faiveley – importado pela Mistral – U$ 177 – WS 93
9) Corton Grèves 2005 (Grand Cru) Louis Jadot – importado pela Mistral – U$ 253 – WS 94
10) Pommard Lês Pezerolles 2005 (Premier Cru) Domaine de Montille – importado pela Mistral – U$ 268 – RP 92-93
11) Corton Clos dês Cortons Faiveley 2007 (Grand Cru) – importado pela Mistral – U$ 278 – WS 94
12) Chambolle-Musigny Premier Cru 2005 Philippe Pacalet – importado pela World Wine – R$ 524 – RP 94
13) Volnay Les Taillepieds 2005 (Premier Cru) Domaine de Montille – importado pela Mistral – U$ 283 – RP 94-95
14) Charmes-Chambertin 2007 (Grand Cru) Joseph Drouhin – importado pela Mistral – U$ 286 – WS 94
15) Gevrey-Chambertin Lavaux Saint Jacques 2005 (Premier Cru) Philippe Pacalet – importado pela World Wine – R$ 567 – RP 96
16) Chambolle-Musigny 2006 (Premier Cru) Comte Georges de Vogue – importado pela Mistral – U$ 300 – RP 93
17) Latricières-Chambertin 2007 (Grand Cru) Faiveley – importado pela Mistral – U$ 317 – WS 94
18) Vosne-Romanee Lês Malconsorts 2005 (Premier Cru) Domaine de Montille – importado pela Mistral – U$ 419 – RP 94-95
19) Musigny Vieilles Vignes 2006 (Grand Cru) Comte Georges de Vogué – importado pela Mistral – U$ 829 – RP 96
20) Charmes-Chambertin Grand Cru 2004 Dugat-Py – importado pela World Wine – R$ 1.641 – RP 96-97
21) Charmes-Chambertin Grand Cru 2005 Dugat-Py – importado pela World Wine – R$ 1.727 – RP 96-97

Finalmente, destacamos os seguintes vinhos brancos, também ordenados em ordem crescente de preço:
1) Rully 2006 Deux Montille – importado pela Mistral – U$ 66 – RP 90
2) Pouilly-Fuisse 2007 Domaine Ferret – importado pela Mistral – U$ 75 – WS 92
3) Auxey-Duresses Cannee 2005 – importado pela Mistral – U$ 80 – RP 90-91
4) Chablis Vaillons 2007 (Premier Cru) Domaine William Févre – importado pela Grand Cru – R$ 210 – RP 90+
5) Puligny-Montrachet Les Combettes 2007 (Premier Cru) Jacques Prieur – importado pela Casa do Porto – R$ 260 – RP 91
6) Chablis Fourchaume (Premier Cru) Domaine William Févre – importado pela Grand Cru – R$ 230 – RP 92
7) Chablis Vaudésir 2006 (Grand Cru) Joseph Drouhin – importado pela Mistral – U$ 159 – RP 92
8) Pouilly-Fuisse Clos Reyssie Reserve Particuliere 2001 Domaine Valette – importado pela World Wine – R$ 332 – RP 93
9) Chablis Lês Clos 2007 (Grand Cru) Domaine William Févre – importado pela Grand Cru – R$ 390 – RP 94
10) Chablis Les Bougros 2007 (Grand Cru) Domaine William Févre – importado pela Grand Cru – R$ 390 – RP 94
11) Chablis Les Preuses 2007 (Grand Cru) Domaine William Févre – importado pela Grand Cru – R$ 390 – RP 96
12) Puligny-Montrachet Lês Caillerets 2006 (Premier Cru) Domaine de Montille – importado pela Mistral – U$ 280 – RP 93-94
13) Corton-Charlemagne Grand Cru 2006 Verget – importado pela World Wine – R$ 744 – RP 95-98

Não desanime com os preços, os melhores vinhos desta região são inesquecíveis!

Tire o escorpião do bolso e aproveite um bom Borgonha!

Abraço a todos,

Brito.

sábado, 13 de novembro de 2010

Borgonha I

BORGONHA I

A região da Borgonha produz alguns dos melhores vinhos do planeta!

Por outro lado, a Borgonha produz uma gama imensa de vinhos, com um enorme número de pequenos produtores, e o padrão de qualidade pode variar muito. Ou seja, pode-se facilmente encontrar os dois extremos da reta de qualidade dos vinhos nesta região.

Logo, mais que em qualquer outro lugar, aqui é preciso conhecer um pouco mais sobre a região e seus melhores produtores para aumentar a chance de uma boa compra.

Os vinhos da Borgonha que importam são feitos com as uvas Pinot Noir, para os tintos, e Chardonnay, para os brancos.

A região possui clima frio, o que dificulta o amadurecimento das uvas em alguns anos, e o solo é predominantemente calcário.

Na Borgonha há várias vinícolas que são denominadas de domaine. Um domaine é um conjunto de vinhedos, muitas vezes espalhados em diversas regiões e sub-regiões da Borgonha, que possuem um mesmo proprietário. Cada um destes vinhedos é, em geral, pequeno e produz pequena quantidade de vinho. Logo, normalmente, um determinado domaine produz vários vinhos em pequena quantidade.

Há também os négociants, que tradicionalmente compravam dezenas ou centenas de pequenos lotes de vinho e os misturavam para comercialização. À medida que mesmo os pequenos produtores passaram e engarrafar seus próprios vinhos, os négociants passaram a ter menos oferta de vinhos para comprar e, como saída, alguns começaram a plantar em vinhedos próprios. Os vinhos de négociants tendem a ser inferiores aos demais, mas há exceções (veja produtores de destaque em cada região), que normalmente são os que possuem vinhedos próprios.

A Borgonha é dividida em quatro regiões: Chablis, Côte d’Or, subdividida em Côte de Nuits e Côte de Beaune, Côte Chalonaise e Mâconnais. Há ainda a região de Beaujolais, que oficialmente pertence à Borgonha, mas que é normalmente tratada como uma região à parte, pois difere das demais regiões em praticamente todos os aspectos, a começar pela uva utilizada, que é a Gamay.

Os vinhos da Borgonha podem ser divididos em quatro categorias:

  • Borgonhas gerais: tintos e brancos que apresentam a denominação Bourgogne no rótulo. Estes vinhos simples podem ser produzidos por uvas provenientes de qualquer parte da Borgonha e representam cerca de 50% da produção da região.
  • Vin de Village: vinho produzido com uvas provenientes de uma única Village (pequena cidade, vila), está um nível acima dos Borgonhas gerais. O nome da vila aparece no rótulo (ex.: Beaune, Pommard, Volnay, Chambolle-Musigny, etc..). Cerca de 35% dos vinhos da Borgonha tem esta denominação.
  • Premier Cru: vinho proveniente de um vinhedo especial que recebeu esta classificação (há 562 vinhedos que mereceram este destaque). O nome do vinhedo normalmente aparece no rótulo depois do nome da Village. Representam cerca de 10% da produção da Borgonha.
  • Grand Cru: são os vinhos top da Borgonha. Apenas 37 vinhedos, que representam cerca de 2% da produção da região, possuem esta denominação. Estes vinhos são tão famosos que muitas vezes apenas o nome do vinhedo aparece no rótulo (ex.: Clos de Vougeot)

Durante muitos séculos uma boa parte dos vinhedos da Borgonha foi de propriedade dos monges beneditinos e cistercienses. Estes monges fizeram um trabalho minucioso e sistemático de mapear os melhores terrenos para a produção dos melhores vinhos, ajudando a estabelecer o conceito de terroir e sua importância na produção de vinhos. Dentro de um mesmo vinhedo, por exemplo no Clos de Vougeot, havia três níveis de qualidade:

  • Vinhos para os monges (Cuvées des moines): parte mais baixa da encosta
  • Vinhos para os reis (Cuvées des rois): parte mediana da encosta
  • Vinhos para os papas (Cuvées des papes): topo da encosta

Após a revolução francesa os vinhedos foram divididos em terrenos menores e posteriormente, devido à lei de herança na França, foram se dividindo em parcelas ainda menores. É comum hoje um vinhedo possuir vários proprietários distintos, cada um produzindo seu próprio vinho. Por exemplo, o vinhedo Grand Cru Clos de Vougeot, com 125 acres, tem 80 proprietários e todos produzem o vinho Clos de Vougeot. Por outro lado, há alguns poucos vinhedos que possuem um único proprietário e que são conhecidos como monopoles (o Romanée-Conti é um exemplo).

Talvez a Borgonha seja o lugar onde o conceito de terroir mais se destaca. Há vinhedos muito pequenos e vizinhos que produzem vinhos completamente diferentes. Explorar os vinhos da Borgonha para perceber a diferença entre as diversas villages e entre os diversos vinhedos é uma tarefa magnífica, mas infelizmente muito cara, como veremos.

Antes de começarmos nossa viagem pela Borgonha, é importante entender um pouco mais sobre suas regiões, mas isto fica para a semana que vem!

Abraço a todos,

Brito.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

As Fases do Conhecimento

AS FASES DO CONHECIMENTO
A quantidade de conhecimento detida por uma pessoa e seu comportamento frente a uma nova informação e ao desconhecido é inerente à sua personalidade e às oportunidades a ela oferecidas. Podemos, numa primeira análise, dividir o conhecimento e/ou o comportamento dos indivíduos em quatro fases:

IGNORÂNCIA INCONSCIENTE PASSIVA COMPLETA (ESCURIDÃO): Esta característica está associada ao indivíduo que se mantém à margem do conhecimento e que não consegue nem mesmo perceber a importância relativa das coisas. Muitas vezes a postura é de desprezo à informação que ele não detém, podendo gerar um comportamento de egocentrismo (o que eu sei é que é importante). Normalmente o status é de conforto, acarretado pela mediocridade não assumida.

IGNORÂNCIA SEMI-INCONSCIENTE PASSIVA PARCIAL (PENUMBRA): Aqui o indivíduo já conseguiu enxergar suas falhas e a necessidade de evolução (ou seja, está começando a tomar consciência da sua ignorância). No entanto, nenhuma ação concreta foi feita para alterar a situação e iniciar o processo de aprendizado, muitas vezes por comodismo. O status é de inquietação parcial.

IGNORÂNCIA ATIVA - INÍCIO DO SABER (CLARIDADE DESCONFORTÁVEL): Finalmente o indivíduo parte para a ação e inicia o processo de busca do conhecimento. À medida que progride nesta fase vai descobrindo a imensidão do saber. Neste ponto, os comodistas se apavoram com a necessidade de ação e podem retornar para a fase da ignorância passiva (normalmente completa); outros, os idealistas e amantes do conhecimento, passam para uma fase de busca incessante e sedenta de informações que, a cada passo, lhe abre novos horizontes e, consequentemente, novas e inúmeras dúvidas e indecisões surgem. O status é de inquietação total.

IGNORÂNCIA CONSCIENTE (CLARIDADE CONFORTÁVEL): Aqueles que chegam a esta fase atingiram um patamar de conhecimento e uma capacidade de autocrítica suficientemente grandes para perceber que o conhecimento é infinito e o processo de aprendizado é eterno. Por causa do nível de consciência obtido, o indivíduo pode conseguir obter uma situação de conforto (nunca comodismo), continuando o seu processo de evolução e aprendizado, com tudo e todos. Poucos são aqueles que conseguem atingir este patamar.

Abraço a todos,

Brito

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

De Doce Basta a Vida!

DE DOCE BASTA A VIDA!

Eu sou, em geral, avesso ao açúcar, pois acho seu sabor muito enjoativo. Costumo sempre brincar com meus amigos que “de doce basta a vida!”. Mas abro uma exceção para alguns vinhos doces, particularmente os da região de Sauternes, Bordeaux, na França.

A grande maioria das pessoas ama ou odeia os vinhos doces por razões erradas e por desconhecimento.

Vejo com frequência as pessoas pedirem vinhos doces, mas não os vinhos aos quais pretendo me referir neste texto e sim aquelas bebidas feitas de uvas não viníferas às quais se acrescenta açúcar de cana para dar o sabor adocicado. Estas pessoas que dizem gostar de vinho doce na verdade gostam de bebida doce. Já ouvi relatos de pessoas que, ao se deparar com uma taça de vinho seco, acrescentam açúcar (ou adoçante!) para dar o sabor adocicado que desejam.

Por outro lado, é comum ouvir a frase: “quem gosta de vinho doce não conhece vinho”. Esta frase está repleta de preconceito e de desconhecimento por parte de seus autores.

Alguns dos melhores vinhos do mundo são doces. Por exemplo, o Chateau d’Yquem, vinho doce da região de Sauternes (Bordeaux – França), tem nada menos do que oito safras com pontuação maior ou igual a 95 de 2001 para cá. As safras de 2001, 2003 e 2005 a 2009 foram classificadas por Robert Parker nesta faixa de pontuação; as safras de 2002 e 2004 não foram pontuadas por ele. Para a safra de 2002 temos a avaliação da Wine Spectator: 96 pontos. Logo, das nove safras deste período (a safra de 2010 ainda está em produção), oito receberam pontuação maior ou igual a 95 e podem ser categorizadas como clássicas. Isto é algo realmente extraordinário em termos de qualidade!

Então, qual é o vinho doce considerado de qualidade e que é motivo deste texto? Estou me referindo aos vinhos que ainda possuem açúcar residual, proveniente da própria uva, após o término do processo de fermentação. Os melhores vinhos doces deste tipo têm grande acidez, o que os torna vinhos muito interessantes e nada enjoativos.

Como é possível então obter um vinho doce? Devemos lembrar que, na fermentação, as leveduras transformam açúcar em álcool, mas que as leveduras morrem quando o teor alcoólico atinge algo em torno de 16º. Logo, se a uva tinha um alto teor de açúcar, o processo de fermentação vai encerrar antes que todo o açúcar tenha se transformado em álcool e haverá açúcar residual, resultando então nos vinhos doces aos quais me refiro.

O alto teor de açúcar na uva pode ser obtido de quatro formas distintas:

Botrytis Cinerea: o Botrytis é um fungo que, sob determinadas condições climáticas, ataca as uvas em algumas regiões do mundo (veja foto que ilustra este texto), dando origem à chamada “podridão nobre” da uva. As uvas atacadas pelo fungo perdem água, aumentando, portanto, a concentração de açúcar, e ganham acidez, permitindo a elaboração de vinhos doces de grande qualidade, proporcionada pelo equilíbrio entre doçura e acidez.
As principais regiões do mundo com condições favoráveis para o aparecimento da podridão nobre são: Sauternes em Bordeaux na França, Tokaj na Hungria, Vale do Loire na França, Alsácia na França (excepcionalmente em anos favoráveis), Alemanha e região de Burgenland na Áustria. No novo mundo há produção de vinhos a partir de uvas botrytizadas na África do Sul, Austrália, Nova Zelândia e na Califórnia.

As uvas mais comumente utilizadas para a produção destes vinhos são: Semillon, Sauvgnon Blanc, Chenin Blanc, Riesling, Gewurztraminer e Furmint.

A história mostra que o vinho feito com este tipo de uva surgiu por acaso. Em Tokaj, no século XVII, a colheita foi atrasada em função de um ataque dos turcos e o resultado foi que parte das uvas havia apodrecido no pé (de fato atacadas pela podridão nobre). Alguns produtores resolveram produzir vinho com estas uvas, mas como não sabiam o que ia ocorrer fizeram a vinificação separadamente das demais uvas. O resultado foi um vinho doce que se tornou muito apreciado e, a partir daí, passou a ser feito propositalmente.

Os vinhos doces feitos de uvas botrytizadas são em geral caros. Há duas principais razões para isto. Primeiro, a perda de água significa que a quantidade de vinho produzida por um cacho de uva é significativamente menor do que poderia ser produzido por um cacho da mesma uva colhida no tempo correto. Segundo, pelos custos associados ao processo de colheita. Como o Botrytis não ataca todos os cachos (e mesmo todas as uvas de um cacho) de forma uniforme, há necessidade de se fazer várias rodadas de colheita, nas quais se colhe, em cada uma, apenas os cachos ou apenas as uvas de um cacho que já foram suficientemente afetadas pela podridão nobre. Há anos em que se chega a fazer, na região de Sauternes, dez ou mais rodadas de colheita!

Uvas Secas: a segunda forma de se fazer vinhos doces é a partir de uvas secas. O processo de secagem pode ser com a uva ainda na parreira ou após a colheita, mais comum, quando as uvas são postas a secar antes do início da vinificação. A secagem resulta em maior concentração de açúcar, permitindo a produção de vinhos doces.

Esta é a forma mais antiga de se produzir vinhos doces, com relatos históricos datados do século VIII.

Esta técnica é utilizada em vários países, mas merece destaque os vinhos provenientes da Itália, como o Vin Santo da região da Toscana e os passitos das regiões da Sicília, Campania e Puglia.

Eiswein: vinho feito a partir de uvas que congelaram na parreira. As uvas são colhidas e prensadas ainda congeladas. O congelamento também resulta em maior concentração de açúcar, além de aumentar a acidez e a quantidade de extratos da uva. Para um bom resultado, a temperatura de congelamento deve ser de 8 graus negativos ou menos.

A denominação Eiswein é específica para vinhos alemães, mas há vinhos produzidos de forma similar em outros países, como Áustria e Canadá.

Colheita tardia: neste processo as uvas são colhidas após o tempo normal, resultando em frutas mais maduras e com maior teor de açúcar. Note que, de fato, há colheita tardia também em outras técnicas, mas os vinhos denominados de colheita tardia (ou late harvest) são aqueles feitos com uvas que, embora colhidas tardiamente, não sofreram a podridão nobre e nem foram colhidas congeladas.

Talvez este seja o tipo de vinho doce mais simples e comum, resultando em vinhos, em geral, de qualidade inferior aos acima descritos.

Há vinhos feitos com a técnica de colheita tardia em vários países do mundo.

Os vinhos doces são normalmente servidos como sobremesa, mas há situações em que eles aparecem na entrada ou mesmo no prato principal. Um casamento clássico, que beira à perfeição, é uma taça de um bom Sauternes com escalope de Foie Gras. Quando tiver oportunidade, não deixe de experimentar!

Agora que conhecemos um pouco mais sobre os vinhos doces, escolha algumas opções para servir como sobremesa em seu próximo jantar.

Abraço a todos,

Brito.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Degustação 08 - Grandes Vinhos do Mundo I


Degustação 08 – Grandes Vinhos do Mundo I


Esta semana darei início a uma série de degustações denominadas Grandes Vinhos do Mundo. Estas degustações são, na sua maioria, realizadas em um grupo restrito de amigos e tem por objetivo experimentar os melhores vinhos do planeta. A primeira, resumida aqui, foi realizada em junho de 2008, sob minha condução, e contou com a presença de seis pessoas.

Os vinhos degustados, às cegas, foram:

1) Dom Melchor 2003 – Chile – Expand – R$ 480,00 - Pontuação: RP 93 e WS 96 (Top 4 da Wine Spectator em 2006).
2) Chateau Margaux 2001 – Bordeaux – França – Mistral - R$ 1.650,00 – Pontuação: WS 92 e RP 93.
3) Tignanello 2004 – Toscana – Itália - R$ 398,00 – Pontuação: WS 95(Top 4 em 2007) e RP 93
4) Casanova di Neri Brunello di Montalcino Cerretalto 2001 – Toscana – Itália – Expand – R$ 1.480,00 – Pontuação: WS 100 e RP 93
5) Chateauneuf-du-Pape Baronnie d’Estouard 2002 – França – R$ 630,00

Cada participante votou em dois vinhos de sua preferência, totalizando 12 votos.

O grande campeão da noite foi o Casanova di Neri, que recebeu 06 dos 12 votos. Em segundo, empatados com 02 votos cada, ficaram o Chateau Margaux e o Tignanello.

Vamos então às notas do grande campeão.

Casanova di Neri 2001 – Itália

Cor rubi escuro. Aromas de frutas negras, café, chocolate. Ainda um pouco jovem. Vinho excepcional, 95.5 pontos no meu julgamento.
Talvez o melhor vinho que já tomei em minha vida!
A safra de 2004 mereceu 96 pontos do Robert Parker e 98 pontos da Wine Spectator e é também uma excelente safra.

Abraços,

Brito.

Degustação 07 - Brancos do Mundo


Degustação 07 – Brancos do Mundo

Com a proximidade do verão, vamos esta semana apresentar uma degustação que teve como foco os vinhos brancos. Esta degustação foi conduzida por mim, em Santa Rita, em Novembro de 2007, e contou com a presença de 09 pessoas.

Os vinhos degustados, às cegas, foram:

1) Domdechant Werner Hochheimer Holle Riesling Kabinett 2004 – Qualitatswein mit Pradikat – Alemanha – Mistral – R$ 67,00 – Pontuação: WE 89
2) Domaine Marcel Deiss Pinot Gris Beblenheim 2002 – Alsácia – França – Mistral – R$ 107,00 – Pontuação: WS 87 e RP91
3) Domaine Baumard Savennieres Clos du Papillon 2003 – Vale do Loire – França – Mistral – R$ 107,00 – Pontuação: WS 92 e RP 94
4) Isabel 2005 Sauvignon Blanc – Marlborough – Nova Zelândia – Mistral – R$ 89,00 – Pontuação: WS 88
5) Boekenhoustskloof Semillon 2003 – África do Sul – Mistral – R$ 78,00 – Pontuação: WS 91
6) Vina Garcés Silva Amayna Chardonnay 2005 – Chile – Mistral – R$ 60,00 – Pontuação: RP 90 e WS 87

Mais uma vez, cada participante votou em dois vinhos de sua preferência, totalizando 18 votos.

Houve grande equilíbrio na preferência dos participantes desta degustação, com o vinho da Alsácia recebendo o maior número de votos, seis, seguido do vinho da Nova Zelândia com 5 votos e do chileno com 4 votos. Para mim os melhores foram: em primeiro lugar o vinho da Nova Zelândia e em segundo lugar, empatados, os vinhos do Vale do Loire e Chile.

Compondo a opinião geral do grupo com a minha, vamos às notas do vinho da Nova Zelândia e do Chileno.

Isabel Sauvignon Blanc 2005 – Nova Zelândia

Cor amarelo palha. Aromas: mineral, grama cortada e maracujá. Acidez destacada.

Parte minoritária do vinho foi fermentada em barrica de carvalho francês.

A safra de 2008 também recebeu 88 pontos da Wine Spectator e a de 2004 é a melhor entre as mais recentes, com 90 pontos.

A relação pontuação/preço, para a safra de 2005, não é das melhores se considerarmos a pontuação da crítica, mas é excelente se consideramos o julgamento dos participantes (o vinho obteve 92.5 pontos em meu julgamento).

Amayna Chardonnay 2005 - Chile

Cor amarelo dourado. Aromas de frutas cítricas, mel e baunilha. Equilibrado e com paladar característico da Chardonnay.
Fermentado em barricas novas de carvalho francês e amadurecido 13 meses na barrica.

Boa relação pontuação/preço. A safra de 2006 recebeu nada menos que 93 pontos do Robert Parker (mas 88 pontos da WS) e é uma grande dica de compra. A safra de 2008 recebeu 90 pontos da Wine Spectator e também é boa dica de compra.

Abraços,

Brito.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Uvas Brancas Clássicas - Riesling

UVAS BRANCAS CLÁSSICAS – RIESLING

A Riesling, de origem Alemã, é uma das principais uvas brancas do mundo. As melhores uvas desta espécie possuem acidez elevada e grande quantidade de extratos, resultando em vinhos com bom potencial de guarda, embora, em geral, tenham baixo teor alcoólico.

A Riesling se dá melhor em climas mais frios, onde amadurecem mais lentamente e retém a acidez. Quando plantadas em regiões quentes, normalmente não resultam em vinhos de grande qualidade.

Esta uva não é muito amiga do carvalho. Logo, normalmente os vinhos de Riesling não passam por amadurecimento em madeira, preservando as características da fruta.

Os aromas normalmente encontrados incluem: pêssego, damasco, melão, aromas minerais e florais.

Os melhores vinhos de Riesling do mundo são feitos na Alemanha, seguidos pelos vinhos da Alsácia, na França, e pelos vinhos Austríacos.

Em segundo plano, mas ainda com excelente qualidade, destacam-se os vinhos da Austrália e dos Estados Unidos, seguidos pela Nova Zelândia.

Obviamente há outros países que produzem vinhos com esta uva, mas é melhor se concentrar nos países acima relacionados e esquecer o resto.

Alguns Rieslings com boa relação pontuação/preço disponíveis no Brasil são, em ordem crescente de preço:

Brundlmayer – Langeloiser Kamptaler Terrasen 2006 – Alemanha – Mistral – US$ 43 – Pontuação: RP87 e WS92

Grosset – Polish Hill Riesling 2008 – Austrália – Vinci – US$ 67 – Pontuação: RP92 e WS90

Leon Beyer – Riesling Reserva 2004 – Alsácia – França – Vinci – US$ 68 – Pontuação: RP92

sábado, 23 de outubro de 2010

Viajando pela Alsácia

VIAJANDO PELA ALSÁCIA

Um bom ponto de partida para visitar a Alsácia é a cidade de Estrasburgo (Strasbourg), localizada quase na fronteira com a Alemanha.

Estrasburgo é uma cidade média, com cerca de 400.000 habitantes, mas as principais atrações turísticas residem em seu centro histórico, charmoso e simpático, que pode ser facilmente percorrido a pé.

Sua principal atração é a Catedral de Notre-Dame, cuja primeira versão teve sua construção iniciada em 1015, embora a conclusão date do século XV (ano de 1439 em algumas publicações). Esta catedral gótica possui portais esculpidos em pedra de deixar o viajante boquiaberto, além de um belo interior.

Os canais que circundam a cidade velha também propiciam um belo passeio, que pode ser feito em uma caminhada ao longo de suas margens ou em um passeio de barco.

Há belas pontes cruzando o canal e o passeio proporciona um belo visual em alguns pontos.

A cidade de Estrasburgo também oferece bons restaurantes e constitui uma boa opção para se experimentar a comida da Alsácia (há quatro restaurantes com uma estrela do Guia Michelin na cidade).

Um restaurante particularmente interessante é o Maison Kammerzell, de influência alemã. Não é um restaurante estrelado, mas tem boa cozinha e é realmente bonito, com paredes e tetos lindamente pintados. Os preços estão entre E$ 30 e E$ 70 (sem o vinho).

Um dia inteiro é suficiente para visitar os principais pontos de Estrasburgo. Mas se você gosta de fazer as coisas com mais calma e tem tempo, reserve dois dias para visitar a cidade.

Após deixar Estrasburgo, antes de tomar a rota dos vinhos, minha próxima parada foi o Château du Haut-Koenigsbourg, em St. Hyppolite. Distante cerca de 60 km ao sul de Estrasburgo.

Este imponente castelo é considerado a atração mais popular da Alsácia. O castelo foi originalmente construído em 1114, mas foi destruído em 1462, reconstruído, e destruído novamente em 1633. No final do século XIX ele foi restaurado e ganhou novamente a aparência da construção original.

Da parte alta pode-se ter uma bela visão das terras do Reno fazendo divisa com a Floresta Negra e os Alpes.

Uma boa pedida é deixar Estrasburgo logo cedo, visitar o castelo e depois tomar a Rota dos Vinhos da Alsácia em direção a Riquewihr.

Após visitar o Château, é hora de tomar a “Rota dos Vinhos da Alsácia”, uma tranquila estrada secundária que te levará entre os vinhedos da Alsácia, passando por diversas vilas medievais encantadoras. São cerca de 120 km de estrada rodeada pelas principais vinícolas da Alsácia.

Minha primeira parada foi na vinícola Bott Frères, localizada na vila de Ribeauvillé. Fundada em 1835, dentre os muitos vinhos produzidos pela vinícola, há três grands crus: Grand Cru Osterberg from Ribeauville, Grand Cru Kirchberg from Ribeauville e Grand Cru Gloeckelberg from Rodern, os dois primeiros da uva Riesling e o terceiro de Pinot Gris.

Um pouco mais ao sul está a charmosa vila de Riquewihr, com cerca de 1.100 habitantes. Repleta de casas medievais e renascentistas, esta é a vila mais bonita da rota dos vinhos da Alsácia e uma das cidades mais visitadas da França.

Você se sentirá em outra época andando nas ruas de pedra e olhando para as casas com balcões floridos deste lugar encantador.

Vale a pena passar um dia e uma noite aqui (ou até mais, se você tiver tempo e uma boa companhia) para curtir o clima do local e visitar as muitas adegas de vinho e os vários restaurantes existentes (há um restaurante estrelado na cidade e mais quatro nas redondezas, incluindo um três estrelas do Guia Michelin em Illhaeusern, distante cerca de 10 km).

Ao sair de Riquewihr, continue pela Rota dos Vinhos e vá parando nas vinícolas que surgirão na beira da estrada. Selecione as vinícolas aleatoriamente ou mapeie previamente aquelas que oferecem vinhos Grands Crus.


Ao deixar a Alsácia vamos para a região da Borgonha, mas isto é assunto para outro texto.

É hora de arrumar as malas...

Abraço a todos,

Brito.

Jazz em New York

JAZZ em NEW YORK
New York é provavelmente a mais importante cidade jazzística do mundo. Aqui há, de segunda a segunda, dezenas de shows a cada dia, envolvendo os mais diversos tipos de artistas. Nesta minha viagem a NY, em setembro deste ano, conheci um casal de noruegueses que fizeram uma pesquisa e encontraram cerca de 30 shows diferentes ocorrendo a cada noite. Logo, para varrer todas as possibilidades, precisaria passar pelo menos um mês por lá. Pena que eu não posso!

Meu principal objetivo nesta viagem era assistir ao USOPEN, mas como meus ingressos cobriam apenas as sessões diurnas (com exceção do sábado, onde eu tinha também programação noturna), resolvi aproveitar e explorar um pouco as opções que a big city oferece. Após uma breve pesquisa na Internet para ver o que estava rolando na cidade, selecionei cinco shows para assistir em quatro diferentes templos do jazz. Tentei, ao definir os shows, cobrir diferentes estilos de jazz e composições artísticas da banda.

Uma casa de Jazz (Jazz Club) é, em geral, um lugar pequeno, apertado e, no passado, muito enfumaçado. Como a legislação atual expulsou a fumaça em praticamente todo lugar do mundo, restou só o lado bom, intimista e aconchegante; um ambiente em que se assiste ao show a poucos metros do artista. Assim foram todos os locais em que fui neste roteiro.

Dentre todos, talvez o maior templo do jazz no mundo seja a casa Blue Note (http://www.bluenote.net/newyork/index.shtml). Logo, minha programação jazzística não podia deixar de priorizar esta casa. O Blue Note é uma casa pequena, como quase todas em NY, com capacidade para pouco mais de uma centena de pessoas, por onde já passaram grandes nomes do Jazz. Uma primeira pesquisa me mostrou que havia dois grandes shows ocorrendo nesta casa no período em que estaria por lá: Countie Basie Orchestra e Diane Schurr.

Assim, comecei minha aventura jazzística em NY com a Countie Basie Orchestra, que se apresentou com uma composição de 17 músicos, com um pianista, um baterista, um baixista e todos os demais em instrumentos de sopro. A orquestra tem, portanto, a composição de uma big-band e foi acompanhada, em parte do show, por uma jovem cantora, Ledisi, cujos recursos vocais me lembraram nossa Elza Soares. Foi um show vibrante, com uma excelente escolha de repertório e músicos brilhantes. Enfim, uma grande noite de jazz, curtida na companhia de meus recém amigos noruegueses.

Na segunda noite fui ao Jazz Standard (http://jazzstandard.net/), uma casa ainda menor do que a Blue Note, para o show da cantora Rene Marie, que se apresentou acompanhada de piano, baixo e bateria. Aqui todo o show foi montado para destacar a fantástica qualidade da voz da cantora. O repertório foi bom, com mais momentos de conversa com a platéia do que o necessário. Os músicos tiveram bom desempenho, mas se mantiveram discretos, pois, como eu disse, o show foi montado para destacar a voz da cantora. Um momento de destaque ocorreu quando Rene convidou uma cantora que estava na platéia para subir ao palco. A convidada tinha uma excelente voz e uma magnífica força de interpretação; o dueto das duas beirou a perfeição (infelizmente não escrevi o nome da diva e minha memória antológica me traiu novamente...).

A terceira noite foi no Smoke Jazz (http://smokejazz.com/), uma casa para cerca de 60 pessoas, para o show de Eddie Henderson Quartet, que tem o próprio no trompete, acompanhado de baixo, bateria e piano. Eddie é um dos grandes do trompete e o show foi realmente fantástico. No show daquela noite o pianista foi substituído por um convidado especial na guitarra, com bom resultado, mas acho que seria ainda melhor com o piano e não com a guitarra. A guitarra é um instrumento que, em minha opinião, não acompanha bem no jazz. Ele pode até ter excelentes resultados quando o ponto central do show é a guitarra (embora não seja o meu estilo preferido), mas como instrumento de acompanhamento me parece que destoa um pouco. A composição ideal para uma banda de jazz, para mim, é um piano, baixo, bateria e três sopros: trompete, saxofone e trombone.

No domingo fui ao Jazz at the Lincoln Center (www.jalc.org), para assistir a um tributo a Louis Armstrong, prestado por uma banda composta de trompete, trombone, piano, clarineta, baixo e bateria, com participação especial, em parte do show, de bandolim e percussão. Um belo show dedicado inteiramente às músicas de Louis Armstrong, com um trompetista e também cantor com voz (e aparência) muito semelhante(s) ao do velho mestre.

Minha última noite de jazz em New York foi novamente no Blue Note, com o show da Diane Schurr, que se apresentou acompanhada de um pianista, um baixista e um baterista. Diane é uma estrela do jazz, ganhadora de dois prêmios Grammy, com um repertório muito eclético. Dona de recursos vocais fantásticos, embora com uma voz um pouco aguda para os meus ouvidos, ela se apresentou brilhantemente e só não fez um show perfeito em função do repertório que escolheu, que poderia ter sido melhor.

Ao fim ficou um gosto de quero mais, mas era tempo de voltar ao trabalho. Fica a certeza que preciso voltar a NY mais vezes.

Abraço a todos

Brito.