domingo, 28 de novembro de 2010

Viajando pela Borgonha - Parte I

Viajando pela Borgonha – Parte I

Vindo da Alsácia, a porta natural para entrada na Borgonha é a cidade de Dijon.

Dijon é próxima ao início da “Rota dos Grands Crus da Borgonha” e é um excelente ponto de partida para visitar esta que é uma das principais regiões vinícolas da França e do mundo.

Dijon é uma cidade com cerca de 150 mil habitantes, com um belo centro histórico que pode ser facilmente percorrido a pé em um dia. Os pontos altos estão relacionados à arquitetura das igrejas e outras construções. Logo, é preciso percorrer as ruas com calma e atenção para desfrutar a beleza que elas podem proporcionar.

Os principais destaques de Dijon são: a igreja gótica de Notre-Dame, do século XIII, com suas gárgulas; a fachada da igreja de St. Michel, com belíssimos detalhes esculpidos em seu portal; e o Palais dês Ducs, onde atualmente está a prefeitura de Dijon, uma bela construção localizada em uma praça especial.

Todo mundo já ouviu falar da mostarda de Dijon, mas em termos de gastronomia Dijon é mais do que mostarda. A cidade possui três restaurantes estrelados (1 estrela do Guia Michelin), além de contar com mais 18 estrelados nas pequenas cidades localizadas em um raio de 50 km (sendo um com duas estrelas e dois com três estrelas). Portanto, se você gosta de explorar o melhor da gastronomia mundial, precisa passar alguns dias por aqui!

Dois restaurantes que eu destacaria, localizados em Dijon, são:

Le Pré Aux Clercs (uma estrela do guia Michelin): bom restaurante, boa comida, local agradável, carta de vinho simples, preços em torno de E$ 75 (bebida não incluida). Você pode encontrar mais detalhes em http://www.jeanpierrebilloux.com/.


Hostelerrie du Chapeau Rouge (uma estrela do guia Michelin): comandado pelo chef William Frachot, este é um belo restaurante de cozinha contemporânea, mas mantendo conexão com a tradição francesa. Os menus ficam entre E$ 45 e E$ 100 (bebida não incluída). O restaurante possui uma carta de vinhos destacada, com bons exemplares da Borgonha. Maiores detalhes podem ser econtrados em http://www.chapeau-rouge.fr/.

Antes de explorar a Rota dos Grands Crus da Borgonha é preciso explorar alguns pontos turísticos fantásticos nas proximidades de Dijon.

A primeira atração é a Abadia de Fontenay, fundada em 1118, a mais antiga abadia da ordem cisterciense remanescente na França. O prédio simples, mas imponente, e seus belos jardins inspiram momentos de paz e tranqüilidade. O interior, austero e monástico, tem como pontos altos a igreja e os claustros. De Dijon até Fontenay são cerca de 80 km. Logo, é possível sair cedo de Dijon e visitar a abadia ainda pela manhã.

Saindo de Fontenay, uma boa pedida é dirigir mais 80 km e visitar a Basílica de Santa Madalena, em Vézelay. A majestosa basílica do século XII se destaca no alto do morro de Vézelay. A nave ampla com seus belos arcos de sustentação criam um ambiente mágico; as esculturas em seus pórticos, colunas e capitéis merecem um olhar atencioso.

Antes de chegar a Vézelay, no entanto, vale uma visita ao pequeno vilarejo de Semur-em-Auxois, com 5 mil habitantes. Da estrada já se pode ver as muralhas da cidade, construídas no século XIV. Como ponto alto da cidade tem-se a Igreja de Notre-Dame, dos séculos XIII e XIV.
Para ver algumas fotos destas atrações, visite:
Na semana que vem continuamos esta viagem.
Abraço a todos,
Brito.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Robert Parker, Wine Spectator, Decanter, Considerar ou Não?

Robert Parker, Wine Spectator, Decanter, Considerar ou Não?
Estava em uma degustação especial na principal loja de uma das grandes importadoras do Brasil e ouvi de um dos gerentes da loja: “deixa eu falar a pontuação do vinho, pois brasileiro gosta de pontuação”!

A fala, obviamente, foi de ironia e crítica ao hábito de olharmos para as pontuações que os vinhos obtiveram nas revistas especializadas (Wine Spectator, Robert Parker, Decanter) para decidir se os compramos ou não.

Mas afinal, este é um hábito saudável ou que nos limita em termos de experimentação sensorial? O que é um vinho bom, afinal? Como devemos proceder para decidir sobre a compra de um vinho?

O mundo do vinho é infinito! Há dezenas (ou centenas) de milhares de vinhos diferentes, não só no rótulo, mas também nos aromas, na qualidade, na complexidade e no preço. Ou seja, quando estamos nos referindo aos bons vinhos, não há produtos iguais. Então, em um cenário de tanta oferta, qual vinho você deve comprar?

Este cenário se agrava pelo fato de cada importadora trabalhar com um conjunto exclusivo de rótulos (quase sempre), o que impede a comparação dos preços e, consequentemente, a definição de qual importadora oferece a melhor relação custo/benefício. Para ilustrar esta questão, há importadoras no Brasil que praticam preços em torno de duas vezes o preço do vinho na origem e há quem pratique um preço seis vezes o preço original do vinho!

Obviamente que vinho bom é aquele que você gosta. Mas com infinitas opções, aquele vinho que você já tomou algumas vezes, e que gosta, é realmente a melhor compra? Provavelmente não!

Toda vez que vou a Paris faço uma visita à loja Lavínia, que considero uma das melhores da cidade. Esta loja possui mais de 5.000 rótulos de dezenas de diferentes países! Se você é um grande bebedor de vinho e bebe 4 garrafas por semana, levaria 1.250 semanas, ou algo em torno de 24 anos, para experimentar toda a gama de vinhos oferecida por uma única loja!

Uma única grande importadora brasileira tem mais de 1.000 rótulos em seu catálogo; de novo, com 4 garrafas por semana, você levaria algo em torno de 5 anos para experimentar só os vinhos desta importadora!

Ou seja, experimentação pessoal não é uma boa estratégia para definir a melhor compra no mundo dos vinhos.

Se experimentação pessoal não é a melhor estratégia, o que fazer? Entrar na loja e comprar o vinho que o vendedor quer te vender? Certamente não!

Há um mundo de profissionais que vivem de analisar a qualidade dos vinhos, representados pelas principais publicações existentes no mundo: Wine Spectator, Robert Parker e Decanter. Porque não utilizar este conhecimento especializado?

Seu dinheiro é, infelizmente, limitado. Você tem, por exemplo, R$ 250 para gastar em um bom vinho. Vai a uma grande loja e verifica que há dezenas (ou centenas) de vinhos que cabem no seu orçamento. O vendedor te indica o vinho X e você compra. Esta foi realmente a melhor compra possível? A resposta de novo é não!

Embora alguns vendedores critiquem o sistema de pontuação das melhores revistas (em geral aqueles das importadoras que não possuem bom desempenho nestes quesitos), eu acredito que este ainda é o melhor método para definir a compra dos vinhos. Vou dar um simples exemplo: com os seus R$ 250 há possibilidade de comprar um vinho de 87 pontos e um vinho de 95 pontos; dado que você não conhece nenhum dos dois, qual você compraria?

Minha conclusão sobre este tema é simples: se você não é um grande especialista, siga a crítica e você sempre fará a melhor compra. No entanto, isto não significa que você não possa e não deva fazer experimentações fora deste universo, pois talvez você fosse gostar mais do vinho de 87 pontos do que do vinho de 95 pontos, mas é melhor que estas experiências sejam feitas em ambientes de degustações e feiras de vinhos, nos quais você consegue experimentar uma grande variedade por um custo razoável e, a partir dessas experiências, ir montando a sua lista de preferência pessoal.

Eu, particularmente, utilizo os seguintes critérios para definir minhas compras:
  1. Em todas as degustações e feiras de importadores que participo, anoto aqueles vinhos que mais me impressionaram e os coloco em minha lista de compra. Esta anotação independe da crítica, pois reflete o meu gosto pessoal, com a vantagem que não tive de comprar uma garrafa do vinho para estabelecer minha opinião sobre o mesmo.
  2. Ao receber os catálogos das principais importadoras, faço uma grande tabela que reflita a pontuação e o custo de cada vinho. Analisando esta tabela (em função da uva, região e país), defino os vinhos com a melhor relação qualidade/preço disponíveis no mercado nacional.

Só compro vinhos com base nestes dois critérios e, eventualmente, com base na opinião de algum amigo cujo gosto pela bebida eu considere relevante.

Avalio cada vinho que compro e, a partir dessas avaliações, vou montando uma lista permanente de compra por faixa de preço, país e uva. Esta lista está em constante construção e nunca deixo de continuar provando novos rótulos, utilizando os dois critérios acima.

Para finalizar, se o vendedor de uma loja quiser te vender um vinho de 87 pontos por R$ 250 e você sabe que existe outro vinho, da mesma uva, do mesmo país, com o mesmo preço, mas com 95 pontos, mande este vendedor passear, que ele está querendo te enganar e não te livrar de uma “ditadura” das revistas especializadas, como alguns argumentam.

Abraço a todos,

Brito.

domingo, 21 de novembro de 2010

Degutação 10 - Pinot Noir

DEGUSTAÇÃO 10 – PINOT NOIR

Continuando a série de degustações dedicadas a vinhos e uvas da Borgonha, temos uma degustação dedicada à uva Pinot Noir, realizada na Associação Brasileira de Sommeliers em São Paulo, em junho de 2007, como parte do curso oferecido pela Associação.

Foram apenas quatro vinhos degustados:

1) Santa Helena Seleccion del Directorio Pinot Noir Gran Reserva 2003 – Chile – Interfood – R$ 49
2) Bodega Chacra Barda Pinot Noir 2005 – Argentina – Grand Cru – R$ 120
3) Coldstream Hills Pinot Noir 2005 – Austrália – Mistral – U$ 40
4) Domaine David Duband Hautes Côtes de Nuits Cuvée Louis Auguste 2004 – França – Vinci – U$ 76

Nesta degustação aconteceu algo inusitado, um dos vinhos, o Santa Helena, teve grande destaque negativo, ficando em um patamar muito inferior aos demais.

O destaque positivo foi o Coldstream da Austrália.


Seguem alguns detalhes do vencedor:

Cor rubi para tijolo. Aromas de frutas pretas, ameixa, especiarias, com toque de caramelo.

Boa acidez, taninos finos, corpo médio e bom equilíbrio. 90 pontos na minha avaliação.

Passou 9 meses em barrica de carvalho francês, novas e com 1, 2 e 3 anos.

A safra de 2008 recebeu 90 pontos do Parker e é uma boa compra de Pinot.
Abraço a todos,
Brito.

Degustação 09 - Borgonha


DEGUSTAÇÃO 09 – BORGONHA

Como nas últimas semanas tenho postado textos sobre a Borgonha, vou dedicar esta e as duas próximas descrições de degustações a vinhos da região e vinhos de Pinot Noir e Chardonnay, que são as duas principais uvas da Borgonha.

Esta degustação foi realizada na Expand, em Campinas, em junho de 2007, como parte de um mini-curso sobre a região da Borgonha. Estavam presentes dez pessoas, sendo o processo conduzido pelo somellier da casa.

Foram apenas quatro vinhos degustados, obviamente todos importados pela Expand:

1) Albert Bichot Domaine Long Depaquit Chablis 1er Cru Lês Vaucopins 2004 – R$ 155
2) Macon les Epillets Cave de Lugny 2005 – Uva Gammnay - R$ 50
3) Domaine Mongeard Mugneret Fixin 2004 – R$ 278
4) Albert Bichot Chasagne Montrachet 2004 – R$ 170

Dos quatro, para mim, destacou-se o Chablis de Albert Bichot. Seguem comentários adicionais sobre o campeão:

Cor amarelo ouro para palha. Aroma de frutas cítricas, pêra, maçã, nozes, toque mineral. Boa acidez e bom equilíbrio. 90.5 pontos em minha avaliação e 89 pontos da Wine Spectator.

Fermentado em aço inox e maturado de 9 a 11 meses antes do engarrafamento.

As safras de 2007 e 2008 receberam 90 pontos do Parker e são uma boa compra.
Abraço a todos,
Brito.

sábado, 20 de novembro de 2010

Uvas Tintas Clássicas - Pinot Noir


Uvas Tintas Clássicas – Pinot Noir


A Pinot Noir é uma das uvas mais difíceis de plantar e vinificar. As melhores manifestações da Pinot se dão em locais de clima frio e com baixa produtividade. Um vinho feito de Pinot plantada em local inadequado e com produtividade alta é, em geral, muito decepcionante.

A Pinot é uma uva que resulta em vinhos com menos corpo e tanino que outras francesas, como a Cabernet e a Merlot. É uma uva mais elegante, que pode atingir complexidades incríveis nos melhores vinhos.

Seus aromas incluem frutas vermelhas e pretas, cerejas, ameixa, cogumelo, tabaco, chocolate, caça, trufas e aromas terrosos.

Os melhores vinhos de Pinot Noir são os feitos na região da Borgonha, na França. Em segundo plano, mas também com grande destaque, estão as regiões do Oregon e Califórnia, nos EUA, e a Nova Zelândia. Finalmente, ainda com qualidade média acima do padrão, temos a Austrália e a Itália.

Normalmente os vinhos feitos com esta uva são varietais, pois é difícil sua composição com outras uvas de forma harmônica. Exceção a esta regra é o Champagne, que utiliza, na maioria dos vinhos, um corte de Pinot Noir, Chardonnay e Pinot Meunier.

Em função das dificuldades que a Pinot oferece, e considerando que a Borgonha, sua maior expressão, não produz vinhos de qualidade baratos, é difícil encontrar vinhos com boa relação qualidade/preço desta uva. Alguns vinhos que podem ser classificados como boa compra, disponíveis no Brasil, são:


  • Barda Pinot Noir 2008 – Argentina – importado pela Expand – 90 pontos da Wine Spectator – R$ 98

  • Garces Silva Amayna Pinot Noir 2007 – Chile – importado pela Mistral – 91 pontos do Robert Parker – U$ 54

Para uma lista de vinhos com boa relação qualidade/preço feitos da região da Borgonha veja texto “Borgonha II – Regiões e Vinhos”, já publicado.

Abraço a todos,

Brito.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Borgonha II - Regiões e Vinhos

BORGONHA II – REGIÕES E VINHOS


Das quatro regiões da Borgonha, Mâconnais é mais voltada para os vinhos brancos, sem grande destaque, e Côte Chalonnaise produz brancos e tintos, mas também sem muito destaque.

Os principais vinhos de Mâconnais são Mâcon Villages, Pouilly-Fuissé e St. Véran, enquanto os mais famosos vinhos do Chalonnaise são os tintos de Mercurey e os brancos de Montagny.

A região de Côte Chalonnaise não possui vinhedos Grands Crus, mas possui vários Premiers Crus

As regiões mais importantes da Borgonha são a de Chablis e a de Côte d’Or, tratadas com um pouco mais de detalhe a seguir.

Chablis: esta é a região mais ao norte da Borgonha, cerca de apenas 160 km de Paris e 32 km da região de Champagne. Esta região é totalmente dedicada à produção de vinhos brancos da uva Chardonnay.

O clima frio e o solo calcário da região resultam em vinhos de grande acidez e com uma mineralidade acentuada, às vezes com um toque de mel.

A fermentação dos vinhos se dá em tanques de aço, velhos tonéis de madeira ou barris de carvalho (em geral utilizados pelos Grands Crus, que tem mais estrutura para se beneficiarem do carvalho).

Para os vinhos mais intensos, é comum utilizar o amadurecimento em barris de carvalho.

Os vinhos com denominação Petit Chablis têm, em geral, qualidade inferior aos demais, incluindo o Chablis genérico.

Há sete vinhedos Grands Crus e 17 Premiers Crus nesta região. Os vinhos mais básicos daqui não possuem, em geral, alta qualidade, transformando sua compra em uma loteria.

Os produtores de maior destaque da região de Chablis são:

  • Domaine Raveneau – importador não localizado
  • Domaine Vincent Dauvissat – importador não localizado
  • Domaine William Fevre – importado pela Grand Cru – R$ 110 a R$ 477

Além destes, também merecem destaque especial:

  • Domaine Billaud-Simon – importado pela Terroir – faixa de preços não localizada
  • Domaine Laroche – importado pela World Wine – R$ 95 a R$ 2.090
  • Jean-Marc Brocard – importado pela Zahil – R$ 240 a R$ 450
  • Domaine Louis Michel et Fils – importador não localizado

Côte d’Or, Côte de Nuits e Côte de Beaune: a região de Côte d’Or, que se estende por cerca de 40 quilômetros apenas, é composta pelas sub-regiões de Côte de Nuits e Côte de Beaune e é a principal da Borgonha, produtora da maior parte dos seus vinhos lendários.

A sub-região de Côte de Nuits, mais ao norte, produz principalmente tintos, enquanto Côte de Beaune produz tintos e brancos, mas com maior destaque para os brancos.

Em geral, os tintos da Côte d’Or possuem aromas terrosos, de caça, com toques de especiarias, chocolate, trufas e alcaçuz. Já os brancos apresentam aromas de mel, castanhas, trufas e baunilha. Os melhores vinhos desta região são de complexidade extraordinária.

As principais Villages da Côte d’Or são:

  • Côte de Nuits: Gevrey-Chambertin, Morey-St. Denis, Chambolle-Musigny, Vougeot, Flagey-Echézeaux e Vosne-Romanée.
  • Côte de Beaune: Pernand-Vergelesses, Ladoix-Serrigny, Aloxe-Corton, Puligny-Montrachet, Chassagne-Montrachet.

Ao todo as villages acima possuem 30 vinhedos Grands Crus, dos 37 da Borgonha.

Além destas villages, também merecem destaque especial a village de Nuits-St. Georges, na Côte de Nuits, e as villages de Savigny-lès-Beaune, Beaune, Pommard, Volnay e Mersault, todas na Côte de Beaune.

Como já dissemos, há um grande número de produtores na Borgonha, em geral produzindo pequena quantidade de vinhos distintos. Isto é particularmente verdadeiro para as regiões de Côte de Nuits e Côte de Beaune, tornando uma tarefa muito árdua destacar produtores nestas regiões. Em uma primeira análise selecionei cerca de 90 produtores que se destacam entre os demais. A seguir, listo os de maior destaque dentre os 90 pré-selecionados.

Produtor hors concours:

O Domaine de la Romanee-Conti (D.R.C) é um caso a parte. Este domaine produz alguns dos vinhos mais desejados e admirados do planeta que, infelizmente, alcançam preços estratosféricos. Aqui só se produzem Grands Crus, sendo que dois deles são monopoles. Os vinhos do D.R.C., importados pela Expand, são os seguintes:

  • Romanee Conti (monopole) – R$ 10.980 a R$ 24.000
  • La Tache (monopole) – R$ 3.850 a R$ 4.200
  • Echezeaux – R$ 1.650
  • Grands Echezeaux – R$ 1.980 a R$ 3.668
  • Montrachet – R$ 8.500 a R$ 9.950
  • Richebourg – R$ 3.180 a R$ 3.850
  • Romanee St Vivant – R$ 2.980 a R$ 4.850


Deixando o D.R.C de lado, podemos listar alguns outros produtores excepcionais, que são:

  • Domaine Leroy – importado pela Zahil – R$ 1.470 a R$ 1.650
  • Louis Jadot – importado pela Mistral – U$ 49 a U$ 846
  • Leflaive – importado pela Expand – R$ 235 a R$ 2.250
  • Méo-Camuzet – importado pela Mistral – U$ 86 a U$ 580
  • Joseph Drouhin – importado pela Mistral – U$ 37 a U$ 500
  • D’Auvenay – importador não localizado
  • Comtes Lafon – importador não localizado
  • Ramonet – importador não localizado
  • Armand Rousseau – importador não localizado

Finalmente, alguns produtores de grande destaque são:

  • Bernard Dugat-Py - importado pela World Wine – R$ 297 a R$ 1.727
  • Comte de Vogué – importado pela Mistral – U$ 210 a U$ 1.128
  • Jean Grivot – importado pela Mistral – U$ 185 a U$ 479
  • Georges Roumier - importado pela Expand – R$ 325 a R$ 1.300
  • Jacques Prieur – importado pela Casa do Porto – R$ 120 a R$ 2.160
  • Bouchard Pere et Fils – importado pela Grand Cru – R$ 65 a R$ 2.623
  • Denis Mortet – importado pela World Wine – R$ 277 a R$ 2.319
  • Domaine Dujac – importado pela Expand – R$ 320 a R$ 998
  • Bruno Clair – importado pela Vinci – U$ 42 a U$ 556
  • J. F. Mugnier – importado pela Cellar – R$ 270 a R$ 2.500
  • Etienne Sauzet – importador não localizado
  • Marc Colin – importador não localizado
  • Michel Lafarge – importador não localizado
  • Tollot Beaut et Fils – importador não localizad0.

Como se pode ver pelas faixas de preços apresentadas, não é fácil explorar os melhores vinhos da Borgonha!

Em uma análise mundial, comparando vinhos de diversos países e regiões, não há vinhos de boa relação custo/benefício na Borgonha. Ou seja, vinhos bons da Borgonha são caros.

No entanto, em uma comparação apenas entre vinhos desta região, merecem destaque pela relação qualidade/preço os seguintes vinhos tintos, ordenados em ordem crescente de preço:
1) Savigny-Les-Beaune La Dominode 2004 (Premier Cru) Domaine Pavelot – importado pela World Wine – R$ 195 – RP 89-91
2) Fixin Lês Hervelets Vieilles Vignes 2004 (Premier Cru) Dominique Laurent – importado pela World Wine – R$ 210 – RP 93-95
3) Gevrey-Chambertin Clos de Meixvelle 2005 Domaine Pierre Gelin – importado pela Mistral – U$ 120 – WS 91
4) Pommard Clos dês Ursulines 2003 Albert Bichot – importado pela Expand – R$ 248 – WS 91
5) Nuits-St Georges Lês Vaucrains 2006 (Premier Cru) Bertrand Ambroise – importado pela Cellar – R$ 250 – RP 93
6) Chambolle-Musigny Cuvee dês Cigales 2005 Domaine Ponsot – importado pela Mistral – U$ 154 – RP 90-92
7) Nuits- St Georges Lês Saint Georges 2008 (Premier Cru) Domaine Henri Gouges – importado pela Grand Cru – R$ 290 – RP 94
8) Gevrey-Chambertin Lês Cazetiers 2007 (Premier Cru) Faiveley – importado pela Mistral – U$ 177 – WS 93
9) Corton Grèves 2005 (Grand Cru) Louis Jadot – importado pela Mistral – U$ 253 – WS 94
10) Pommard Lês Pezerolles 2005 (Premier Cru) Domaine de Montille – importado pela Mistral – U$ 268 – RP 92-93
11) Corton Clos dês Cortons Faiveley 2007 (Grand Cru) – importado pela Mistral – U$ 278 – WS 94
12) Chambolle-Musigny Premier Cru 2005 Philippe Pacalet – importado pela World Wine – R$ 524 – RP 94
13) Volnay Les Taillepieds 2005 (Premier Cru) Domaine de Montille – importado pela Mistral – U$ 283 – RP 94-95
14) Charmes-Chambertin 2007 (Grand Cru) Joseph Drouhin – importado pela Mistral – U$ 286 – WS 94
15) Gevrey-Chambertin Lavaux Saint Jacques 2005 (Premier Cru) Philippe Pacalet – importado pela World Wine – R$ 567 – RP 96
16) Chambolle-Musigny 2006 (Premier Cru) Comte Georges de Vogue – importado pela Mistral – U$ 300 – RP 93
17) Latricières-Chambertin 2007 (Grand Cru) Faiveley – importado pela Mistral – U$ 317 – WS 94
18) Vosne-Romanee Lês Malconsorts 2005 (Premier Cru) Domaine de Montille – importado pela Mistral – U$ 419 – RP 94-95
19) Musigny Vieilles Vignes 2006 (Grand Cru) Comte Georges de Vogué – importado pela Mistral – U$ 829 – RP 96
20) Charmes-Chambertin Grand Cru 2004 Dugat-Py – importado pela World Wine – R$ 1.641 – RP 96-97
21) Charmes-Chambertin Grand Cru 2005 Dugat-Py – importado pela World Wine – R$ 1.727 – RP 96-97

Finalmente, destacamos os seguintes vinhos brancos, também ordenados em ordem crescente de preço:
1) Rully 2006 Deux Montille – importado pela Mistral – U$ 66 – RP 90
2) Pouilly-Fuisse 2007 Domaine Ferret – importado pela Mistral – U$ 75 – WS 92
3) Auxey-Duresses Cannee 2005 – importado pela Mistral – U$ 80 – RP 90-91
4) Chablis Vaillons 2007 (Premier Cru) Domaine William Févre – importado pela Grand Cru – R$ 210 – RP 90+
5) Puligny-Montrachet Les Combettes 2007 (Premier Cru) Jacques Prieur – importado pela Casa do Porto – R$ 260 – RP 91
6) Chablis Fourchaume (Premier Cru) Domaine William Févre – importado pela Grand Cru – R$ 230 – RP 92
7) Chablis Vaudésir 2006 (Grand Cru) Joseph Drouhin – importado pela Mistral – U$ 159 – RP 92
8) Pouilly-Fuisse Clos Reyssie Reserve Particuliere 2001 Domaine Valette – importado pela World Wine – R$ 332 – RP 93
9) Chablis Lês Clos 2007 (Grand Cru) Domaine William Févre – importado pela Grand Cru – R$ 390 – RP 94
10) Chablis Les Bougros 2007 (Grand Cru) Domaine William Févre – importado pela Grand Cru – R$ 390 – RP 94
11) Chablis Les Preuses 2007 (Grand Cru) Domaine William Févre – importado pela Grand Cru – R$ 390 – RP 96
12) Puligny-Montrachet Lês Caillerets 2006 (Premier Cru) Domaine de Montille – importado pela Mistral – U$ 280 – RP 93-94
13) Corton-Charlemagne Grand Cru 2006 Verget – importado pela World Wine – R$ 744 – RP 95-98

Não desanime com os preços, os melhores vinhos desta região são inesquecíveis!

Tire o escorpião do bolso e aproveite um bom Borgonha!

Abraço a todos,

Brito.

sábado, 13 de novembro de 2010

Borgonha I

BORGONHA I

A região da Borgonha produz alguns dos melhores vinhos do planeta!

Por outro lado, a Borgonha produz uma gama imensa de vinhos, com um enorme número de pequenos produtores, e o padrão de qualidade pode variar muito. Ou seja, pode-se facilmente encontrar os dois extremos da reta de qualidade dos vinhos nesta região.

Logo, mais que em qualquer outro lugar, aqui é preciso conhecer um pouco mais sobre a região e seus melhores produtores para aumentar a chance de uma boa compra.

Os vinhos da Borgonha que importam são feitos com as uvas Pinot Noir, para os tintos, e Chardonnay, para os brancos.

A região possui clima frio, o que dificulta o amadurecimento das uvas em alguns anos, e o solo é predominantemente calcário.

Na Borgonha há várias vinícolas que são denominadas de domaine. Um domaine é um conjunto de vinhedos, muitas vezes espalhados em diversas regiões e sub-regiões da Borgonha, que possuem um mesmo proprietário. Cada um destes vinhedos é, em geral, pequeno e produz pequena quantidade de vinho. Logo, normalmente, um determinado domaine produz vários vinhos em pequena quantidade.

Há também os négociants, que tradicionalmente compravam dezenas ou centenas de pequenos lotes de vinho e os misturavam para comercialização. À medida que mesmo os pequenos produtores passaram e engarrafar seus próprios vinhos, os négociants passaram a ter menos oferta de vinhos para comprar e, como saída, alguns começaram a plantar em vinhedos próprios. Os vinhos de négociants tendem a ser inferiores aos demais, mas há exceções (veja produtores de destaque em cada região), que normalmente são os que possuem vinhedos próprios.

A Borgonha é dividida em quatro regiões: Chablis, Côte d’Or, subdividida em Côte de Nuits e Côte de Beaune, Côte Chalonaise e Mâconnais. Há ainda a região de Beaujolais, que oficialmente pertence à Borgonha, mas que é normalmente tratada como uma região à parte, pois difere das demais regiões em praticamente todos os aspectos, a começar pela uva utilizada, que é a Gamay.

Os vinhos da Borgonha podem ser divididos em quatro categorias:

  • Borgonhas gerais: tintos e brancos que apresentam a denominação Bourgogne no rótulo. Estes vinhos simples podem ser produzidos por uvas provenientes de qualquer parte da Borgonha e representam cerca de 50% da produção da região.
  • Vin de Village: vinho produzido com uvas provenientes de uma única Village (pequena cidade, vila), está um nível acima dos Borgonhas gerais. O nome da vila aparece no rótulo (ex.: Beaune, Pommard, Volnay, Chambolle-Musigny, etc..). Cerca de 35% dos vinhos da Borgonha tem esta denominação.
  • Premier Cru: vinho proveniente de um vinhedo especial que recebeu esta classificação (há 562 vinhedos que mereceram este destaque). O nome do vinhedo normalmente aparece no rótulo depois do nome da Village. Representam cerca de 10% da produção da Borgonha.
  • Grand Cru: são os vinhos top da Borgonha. Apenas 37 vinhedos, que representam cerca de 2% da produção da região, possuem esta denominação. Estes vinhos são tão famosos que muitas vezes apenas o nome do vinhedo aparece no rótulo (ex.: Clos de Vougeot)

Durante muitos séculos uma boa parte dos vinhedos da Borgonha foi de propriedade dos monges beneditinos e cistercienses. Estes monges fizeram um trabalho minucioso e sistemático de mapear os melhores terrenos para a produção dos melhores vinhos, ajudando a estabelecer o conceito de terroir e sua importância na produção de vinhos. Dentro de um mesmo vinhedo, por exemplo no Clos de Vougeot, havia três níveis de qualidade:

  • Vinhos para os monges (Cuvées des moines): parte mais baixa da encosta
  • Vinhos para os reis (Cuvées des rois): parte mediana da encosta
  • Vinhos para os papas (Cuvées des papes): topo da encosta

Após a revolução francesa os vinhedos foram divididos em terrenos menores e posteriormente, devido à lei de herança na França, foram se dividindo em parcelas ainda menores. É comum hoje um vinhedo possuir vários proprietários distintos, cada um produzindo seu próprio vinho. Por exemplo, o vinhedo Grand Cru Clos de Vougeot, com 125 acres, tem 80 proprietários e todos produzem o vinho Clos de Vougeot. Por outro lado, há alguns poucos vinhedos que possuem um único proprietário e que são conhecidos como monopoles (o Romanée-Conti é um exemplo).

Talvez a Borgonha seja o lugar onde o conceito de terroir mais se destaca. Há vinhedos muito pequenos e vizinhos que produzem vinhos completamente diferentes. Explorar os vinhos da Borgonha para perceber a diferença entre as diversas villages e entre os diversos vinhedos é uma tarefa magnífica, mas infelizmente muito cara, como veremos.

Antes de começarmos nossa viagem pela Borgonha, é importante entender um pouco mais sobre suas regiões, mas isto fica para a semana que vem!

Abraço a todos,

Brito.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

As Fases do Conhecimento

AS FASES DO CONHECIMENTO
A quantidade de conhecimento detida por uma pessoa e seu comportamento frente a uma nova informação e ao desconhecido é inerente à sua personalidade e às oportunidades a ela oferecidas. Podemos, numa primeira análise, dividir o conhecimento e/ou o comportamento dos indivíduos em quatro fases:

IGNORÂNCIA INCONSCIENTE PASSIVA COMPLETA (ESCURIDÃO): Esta característica está associada ao indivíduo que se mantém à margem do conhecimento e que não consegue nem mesmo perceber a importância relativa das coisas. Muitas vezes a postura é de desprezo à informação que ele não detém, podendo gerar um comportamento de egocentrismo (o que eu sei é que é importante). Normalmente o status é de conforto, acarretado pela mediocridade não assumida.

IGNORÂNCIA SEMI-INCONSCIENTE PASSIVA PARCIAL (PENUMBRA): Aqui o indivíduo já conseguiu enxergar suas falhas e a necessidade de evolução (ou seja, está começando a tomar consciência da sua ignorância). No entanto, nenhuma ação concreta foi feita para alterar a situação e iniciar o processo de aprendizado, muitas vezes por comodismo. O status é de inquietação parcial.

IGNORÂNCIA ATIVA - INÍCIO DO SABER (CLARIDADE DESCONFORTÁVEL): Finalmente o indivíduo parte para a ação e inicia o processo de busca do conhecimento. À medida que progride nesta fase vai descobrindo a imensidão do saber. Neste ponto, os comodistas se apavoram com a necessidade de ação e podem retornar para a fase da ignorância passiva (normalmente completa); outros, os idealistas e amantes do conhecimento, passam para uma fase de busca incessante e sedenta de informações que, a cada passo, lhe abre novos horizontes e, consequentemente, novas e inúmeras dúvidas e indecisões surgem. O status é de inquietação total.

IGNORÂNCIA CONSCIENTE (CLARIDADE CONFORTÁVEL): Aqueles que chegam a esta fase atingiram um patamar de conhecimento e uma capacidade de autocrítica suficientemente grandes para perceber que o conhecimento é infinito e o processo de aprendizado é eterno. Por causa do nível de consciência obtido, o indivíduo pode conseguir obter uma situação de conforto (nunca comodismo), continuando o seu processo de evolução e aprendizado, com tudo e todos. Poucos são aqueles que conseguem atingir este patamar.

Abraço a todos,

Brito

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

De Doce Basta a Vida!

DE DOCE BASTA A VIDA!

Eu sou, em geral, avesso ao açúcar, pois acho seu sabor muito enjoativo. Costumo sempre brincar com meus amigos que “de doce basta a vida!”. Mas abro uma exceção para alguns vinhos doces, particularmente os da região de Sauternes, Bordeaux, na França.

A grande maioria das pessoas ama ou odeia os vinhos doces por razões erradas e por desconhecimento.

Vejo com frequência as pessoas pedirem vinhos doces, mas não os vinhos aos quais pretendo me referir neste texto e sim aquelas bebidas feitas de uvas não viníferas às quais se acrescenta açúcar de cana para dar o sabor adocicado. Estas pessoas que dizem gostar de vinho doce na verdade gostam de bebida doce. Já ouvi relatos de pessoas que, ao se deparar com uma taça de vinho seco, acrescentam açúcar (ou adoçante!) para dar o sabor adocicado que desejam.

Por outro lado, é comum ouvir a frase: “quem gosta de vinho doce não conhece vinho”. Esta frase está repleta de preconceito e de desconhecimento por parte de seus autores.

Alguns dos melhores vinhos do mundo são doces. Por exemplo, o Chateau d’Yquem, vinho doce da região de Sauternes (Bordeaux – França), tem nada menos do que oito safras com pontuação maior ou igual a 95 de 2001 para cá. As safras de 2001, 2003 e 2005 a 2009 foram classificadas por Robert Parker nesta faixa de pontuação; as safras de 2002 e 2004 não foram pontuadas por ele. Para a safra de 2002 temos a avaliação da Wine Spectator: 96 pontos. Logo, das nove safras deste período (a safra de 2010 ainda está em produção), oito receberam pontuação maior ou igual a 95 e podem ser categorizadas como clássicas. Isto é algo realmente extraordinário em termos de qualidade!

Então, qual é o vinho doce considerado de qualidade e que é motivo deste texto? Estou me referindo aos vinhos que ainda possuem açúcar residual, proveniente da própria uva, após o término do processo de fermentação. Os melhores vinhos doces deste tipo têm grande acidez, o que os torna vinhos muito interessantes e nada enjoativos.

Como é possível então obter um vinho doce? Devemos lembrar que, na fermentação, as leveduras transformam açúcar em álcool, mas que as leveduras morrem quando o teor alcoólico atinge algo em torno de 16º. Logo, se a uva tinha um alto teor de açúcar, o processo de fermentação vai encerrar antes que todo o açúcar tenha se transformado em álcool e haverá açúcar residual, resultando então nos vinhos doces aos quais me refiro.

O alto teor de açúcar na uva pode ser obtido de quatro formas distintas:

Botrytis Cinerea: o Botrytis é um fungo que, sob determinadas condições climáticas, ataca as uvas em algumas regiões do mundo (veja foto que ilustra este texto), dando origem à chamada “podridão nobre” da uva. As uvas atacadas pelo fungo perdem água, aumentando, portanto, a concentração de açúcar, e ganham acidez, permitindo a elaboração de vinhos doces de grande qualidade, proporcionada pelo equilíbrio entre doçura e acidez.
As principais regiões do mundo com condições favoráveis para o aparecimento da podridão nobre são: Sauternes em Bordeaux na França, Tokaj na Hungria, Vale do Loire na França, Alsácia na França (excepcionalmente em anos favoráveis), Alemanha e região de Burgenland na Áustria. No novo mundo há produção de vinhos a partir de uvas botrytizadas na África do Sul, Austrália, Nova Zelândia e na Califórnia.

As uvas mais comumente utilizadas para a produção destes vinhos são: Semillon, Sauvgnon Blanc, Chenin Blanc, Riesling, Gewurztraminer e Furmint.

A história mostra que o vinho feito com este tipo de uva surgiu por acaso. Em Tokaj, no século XVII, a colheita foi atrasada em função de um ataque dos turcos e o resultado foi que parte das uvas havia apodrecido no pé (de fato atacadas pela podridão nobre). Alguns produtores resolveram produzir vinho com estas uvas, mas como não sabiam o que ia ocorrer fizeram a vinificação separadamente das demais uvas. O resultado foi um vinho doce que se tornou muito apreciado e, a partir daí, passou a ser feito propositalmente.

Os vinhos doces feitos de uvas botrytizadas são em geral caros. Há duas principais razões para isto. Primeiro, a perda de água significa que a quantidade de vinho produzida por um cacho de uva é significativamente menor do que poderia ser produzido por um cacho da mesma uva colhida no tempo correto. Segundo, pelos custos associados ao processo de colheita. Como o Botrytis não ataca todos os cachos (e mesmo todas as uvas de um cacho) de forma uniforme, há necessidade de se fazer várias rodadas de colheita, nas quais se colhe, em cada uma, apenas os cachos ou apenas as uvas de um cacho que já foram suficientemente afetadas pela podridão nobre. Há anos em que se chega a fazer, na região de Sauternes, dez ou mais rodadas de colheita!

Uvas Secas: a segunda forma de se fazer vinhos doces é a partir de uvas secas. O processo de secagem pode ser com a uva ainda na parreira ou após a colheita, mais comum, quando as uvas são postas a secar antes do início da vinificação. A secagem resulta em maior concentração de açúcar, permitindo a produção de vinhos doces.

Esta é a forma mais antiga de se produzir vinhos doces, com relatos históricos datados do século VIII.

Esta técnica é utilizada em vários países, mas merece destaque os vinhos provenientes da Itália, como o Vin Santo da região da Toscana e os passitos das regiões da Sicília, Campania e Puglia.

Eiswein: vinho feito a partir de uvas que congelaram na parreira. As uvas são colhidas e prensadas ainda congeladas. O congelamento também resulta em maior concentração de açúcar, além de aumentar a acidez e a quantidade de extratos da uva. Para um bom resultado, a temperatura de congelamento deve ser de 8 graus negativos ou menos.

A denominação Eiswein é específica para vinhos alemães, mas há vinhos produzidos de forma similar em outros países, como Áustria e Canadá.

Colheita tardia: neste processo as uvas são colhidas após o tempo normal, resultando em frutas mais maduras e com maior teor de açúcar. Note que, de fato, há colheita tardia também em outras técnicas, mas os vinhos denominados de colheita tardia (ou late harvest) são aqueles feitos com uvas que, embora colhidas tardiamente, não sofreram a podridão nobre e nem foram colhidas congeladas.

Talvez este seja o tipo de vinho doce mais simples e comum, resultando em vinhos, em geral, de qualidade inferior aos acima descritos.

Há vinhos feitos com a técnica de colheita tardia em vários países do mundo.

Os vinhos doces são normalmente servidos como sobremesa, mas há situações em que eles aparecem na entrada ou mesmo no prato principal. Um casamento clássico, que beira à perfeição, é uma taça de um bom Sauternes com escalope de Foie Gras. Quando tiver oportunidade, não deixe de experimentar!

Agora que conhecemos um pouco mais sobre os vinhos doces, escolha algumas opções para servir como sobremesa em seu próximo jantar.

Abraço a todos,

Brito.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Degustação 08 - Grandes Vinhos do Mundo I


Degustação 08 – Grandes Vinhos do Mundo I


Esta semana darei início a uma série de degustações denominadas Grandes Vinhos do Mundo. Estas degustações são, na sua maioria, realizadas em um grupo restrito de amigos e tem por objetivo experimentar os melhores vinhos do planeta. A primeira, resumida aqui, foi realizada em junho de 2008, sob minha condução, e contou com a presença de seis pessoas.

Os vinhos degustados, às cegas, foram:

1) Dom Melchor 2003 – Chile – Expand – R$ 480,00 - Pontuação: RP 93 e WS 96 (Top 4 da Wine Spectator em 2006).
2) Chateau Margaux 2001 – Bordeaux – França – Mistral - R$ 1.650,00 – Pontuação: WS 92 e RP 93.
3) Tignanello 2004 – Toscana – Itália - R$ 398,00 – Pontuação: WS 95(Top 4 em 2007) e RP 93
4) Casanova di Neri Brunello di Montalcino Cerretalto 2001 – Toscana – Itália – Expand – R$ 1.480,00 – Pontuação: WS 100 e RP 93
5) Chateauneuf-du-Pape Baronnie d’Estouard 2002 – França – R$ 630,00

Cada participante votou em dois vinhos de sua preferência, totalizando 12 votos.

O grande campeão da noite foi o Casanova di Neri, que recebeu 06 dos 12 votos. Em segundo, empatados com 02 votos cada, ficaram o Chateau Margaux e o Tignanello.

Vamos então às notas do grande campeão.

Casanova di Neri 2001 – Itália

Cor rubi escuro. Aromas de frutas negras, café, chocolate. Ainda um pouco jovem. Vinho excepcional, 95.5 pontos no meu julgamento.
Talvez o melhor vinho que já tomei em minha vida!
A safra de 2004 mereceu 96 pontos do Robert Parker e 98 pontos da Wine Spectator e é também uma excelente safra.

Abraços,

Brito.

Degustação 07 - Brancos do Mundo


Degustação 07 – Brancos do Mundo

Com a proximidade do verão, vamos esta semana apresentar uma degustação que teve como foco os vinhos brancos. Esta degustação foi conduzida por mim, em Santa Rita, em Novembro de 2007, e contou com a presença de 09 pessoas.

Os vinhos degustados, às cegas, foram:

1) Domdechant Werner Hochheimer Holle Riesling Kabinett 2004 – Qualitatswein mit Pradikat – Alemanha – Mistral – R$ 67,00 – Pontuação: WE 89
2) Domaine Marcel Deiss Pinot Gris Beblenheim 2002 – Alsácia – França – Mistral – R$ 107,00 – Pontuação: WS 87 e RP91
3) Domaine Baumard Savennieres Clos du Papillon 2003 – Vale do Loire – França – Mistral – R$ 107,00 – Pontuação: WS 92 e RP 94
4) Isabel 2005 Sauvignon Blanc – Marlborough – Nova Zelândia – Mistral – R$ 89,00 – Pontuação: WS 88
5) Boekenhoustskloof Semillon 2003 – África do Sul – Mistral – R$ 78,00 – Pontuação: WS 91
6) Vina Garcés Silva Amayna Chardonnay 2005 – Chile – Mistral – R$ 60,00 – Pontuação: RP 90 e WS 87

Mais uma vez, cada participante votou em dois vinhos de sua preferência, totalizando 18 votos.

Houve grande equilíbrio na preferência dos participantes desta degustação, com o vinho da Alsácia recebendo o maior número de votos, seis, seguido do vinho da Nova Zelândia com 5 votos e do chileno com 4 votos. Para mim os melhores foram: em primeiro lugar o vinho da Nova Zelândia e em segundo lugar, empatados, os vinhos do Vale do Loire e Chile.

Compondo a opinião geral do grupo com a minha, vamos às notas do vinho da Nova Zelândia e do Chileno.

Isabel Sauvignon Blanc 2005 – Nova Zelândia

Cor amarelo palha. Aromas: mineral, grama cortada e maracujá. Acidez destacada.

Parte minoritária do vinho foi fermentada em barrica de carvalho francês.

A safra de 2008 também recebeu 88 pontos da Wine Spectator e a de 2004 é a melhor entre as mais recentes, com 90 pontos.

A relação pontuação/preço, para a safra de 2005, não é das melhores se considerarmos a pontuação da crítica, mas é excelente se consideramos o julgamento dos participantes (o vinho obteve 92.5 pontos em meu julgamento).

Amayna Chardonnay 2005 - Chile

Cor amarelo dourado. Aromas de frutas cítricas, mel e baunilha. Equilibrado e com paladar característico da Chardonnay.
Fermentado em barricas novas de carvalho francês e amadurecido 13 meses na barrica.

Boa relação pontuação/preço. A safra de 2006 recebeu nada menos que 93 pontos do Robert Parker (mas 88 pontos da WS) e é uma grande dica de compra. A safra de 2008 recebeu 90 pontos da Wine Spectator e também é boa dica de compra.

Abraços,

Brito.