sábado, 13 de novembro de 2010

Borgonha I

BORGONHA I

A região da Borgonha produz alguns dos melhores vinhos do planeta!

Por outro lado, a Borgonha produz uma gama imensa de vinhos, com um enorme número de pequenos produtores, e o padrão de qualidade pode variar muito. Ou seja, pode-se facilmente encontrar os dois extremos da reta de qualidade dos vinhos nesta região.

Logo, mais que em qualquer outro lugar, aqui é preciso conhecer um pouco mais sobre a região e seus melhores produtores para aumentar a chance de uma boa compra.

Os vinhos da Borgonha que importam são feitos com as uvas Pinot Noir, para os tintos, e Chardonnay, para os brancos.

A região possui clima frio, o que dificulta o amadurecimento das uvas em alguns anos, e o solo é predominantemente calcário.

Na Borgonha há várias vinícolas que são denominadas de domaine. Um domaine é um conjunto de vinhedos, muitas vezes espalhados em diversas regiões e sub-regiões da Borgonha, que possuem um mesmo proprietário. Cada um destes vinhedos é, em geral, pequeno e produz pequena quantidade de vinho. Logo, normalmente, um determinado domaine produz vários vinhos em pequena quantidade.

Há também os négociants, que tradicionalmente compravam dezenas ou centenas de pequenos lotes de vinho e os misturavam para comercialização. À medida que mesmo os pequenos produtores passaram e engarrafar seus próprios vinhos, os négociants passaram a ter menos oferta de vinhos para comprar e, como saída, alguns começaram a plantar em vinhedos próprios. Os vinhos de négociants tendem a ser inferiores aos demais, mas há exceções (veja produtores de destaque em cada região), que normalmente são os que possuem vinhedos próprios.

A Borgonha é dividida em quatro regiões: Chablis, Côte d’Or, subdividida em Côte de Nuits e Côte de Beaune, Côte Chalonaise e Mâconnais. Há ainda a região de Beaujolais, que oficialmente pertence à Borgonha, mas que é normalmente tratada como uma região à parte, pois difere das demais regiões em praticamente todos os aspectos, a começar pela uva utilizada, que é a Gamay.

Os vinhos da Borgonha podem ser divididos em quatro categorias:

  • Borgonhas gerais: tintos e brancos que apresentam a denominação Bourgogne no rótulo. Estes vinhos simples podem ser produzidos por uvas provenientes de qualquer parte da Borgonha e representam cerca de 50% da produção da região.
  • Vin de Village: vinho produzido com uvas provenientes de uma única Village (pequena cidade, vila), está um nível acima dos Borgonhas gerais. O nome da vila aparece no rótulo (ex.: Beaune, Pommard, Volnay, Chambolle-Musigny, etc..). Cerca de 35% dos vinhos da Borgonha tem esta denominação.
  • Premier Cru: vinho proveniente de um vinhedo especial que recebeu esta classificação (há 562 vinhedos que mereceram este destaque). O nome do vinhedo normalmente aparece no rótulo depois do nome da Village. Representam cerca de 10% da produção da Borgonha.
  • Grand Cru: são os vinhos top da Borgonha. Apenas 37 vinhedos, que representam cerca de 2% da produção da região, possuem esta denominação. Estes vinhos são tão famosos que muitas vezes apenas o nome do vinhedo aparece no rótulo (ex.: Clos de Vougeot)

Durante muitos séculos uma boa parte dos vinhedos da Borgonha foi de propriedade dos monges beneditinos e cistercienses. Estes monges fizeram um trabalho minucioso e sistemático de mapear os melhores terrenos para a produção dos melhores vinhos, ajudando a estabelecer o conceito de terroir e sua importância na produção de vinhos. Dentro de um mesmo vinhedo, por exemplo no Clos de Vougeot, havia três níveis de qualidade:

  • Vinhos para os monges (Cuvées des moines): parte mais baixa da encosta
  • Vinhos para os reis (Cuvées des rois): parte mediana da encosta
  • Vinhos para os papas (Cuvées des papes): topo da encosta

Após a revolução francesa os vinhedos foram divididos em terrenos menores e posteriormente, devido à lei de herança na França, foram se dividindo em parcelas ainda menores. É comum hoje um vinhedo possuir vários proprietários distintos, cada um produzindo seu próprio vinho. Por exemplo, o vinhedo Grand Cru Clos de Vougeot, com 125 acres, tem 80 proprietários e todos produzem o vinho Clos de Vougeot. Por outro lado, há alguns poucos vinhedos que possuem um único proprietário e que são conhecidos como monopoles (o Romanée-Conti é um exemplo).

Talvez a Borgonha seja o lugar onde o conceito de terroir mais se destaca. Há vinhedos muito pequenos e vizinhos que produzem vinhos completamente diferentes. Explorar os vinhos da Borgonha para perceber a diferença entre as diversas villages e entre os diversos vinhedos é uma tarefa magnífica, mas infelizmente muito cara, como veremos.

Antes de começarmos nossa viagem pela Borgonha, é importante entender um pouco mais sobre suas regiões, mas isto fica para a semana que vem!

Abraço a todos,

Brito.

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