sábado, 23 de abril de 2011

Almaviva - 5o melhor vinho da América do Sul

Grandes Vinícolas/Vinhos da América do Sul

5º Lugar - Almaviva

Esta é uma nova série em que vamos explorar os grandes vinhos do mundo, eleitos por mim, a partir de uma pesquisa da pontuação obtida nos últimos 20 anos nas principais revistas especializadas do mundo.

Começamos neste texto com os vinhos da América do Sul, concentrando-nos nos países que importam nesta região: Chile e Argentina.

Em 5º lugar, aparece o vinho Almaviva, único vinho produzido pela Vina Almaviva, em Puente Alto, Vale do Maipo, no Chile. Esta vinícola é uma associação da Concha Y Toro, uma das maiores (se não a maior) vinícolas chilenas, com o Baron Philippe de Rothschild, grande nome do vinho da França. A primeira safra deste belo vinho foi lançada em 1996 e já obteve grande sucesso mundial.

As videiras do Almaviva somam 85 hectares. O solo da região é pedregoso e o clima apresenta verão com dias quentes e noites frias e inverno frio e chuvoso. Utiliza-se sistema de irrigação para regular a quantidade de água fornecida para as videiras.

O vinho é um corte típico da região de Bordeaux, na França, com predominância da uva Cabernet Sauvignon.

A colheita é toda manual e a fermentação ocorre em tanques de aço inoxidável. Os vinhos são maturados em barris novos de carvalho francês por 16-18 meses. A clarificação é feita com clara de ovos.

As melhores safras avaliadas até o momento foram as de 2000 e 2001, que receberam 5 estrelas da revista Decanter, a de 2003, que recebeu 95 pontos do Robert Parker e 94 pontos da Wine Spectator, e a de 2005, que recebeu 95 pontos da Wine Spectator e 94 pontos do Robert Parker.

A título de ilustração, a safra de 2005 foi um blend de 74% de Cabernet Sauvignon, 21% de Carmenere e 5% de Cabernet Franc. Para esta safra, os aromas esperados incluem: frutas vermelhas e pretas: morango, cassis e amora; notas minerais; tabaco; café; baunilha; tostado; raspas de laranja; lavanda; chocolate e alcaçuz.

Os preços no Brasil estão em torno de R$ 500-600, dependendo da safra.

Um vinho encorpado e equilibrado, ótima pedida para acompanhar uma boa carne suculenta.

Tive oportunidade de participar de uma vertical do Almaviva, com as safras de 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2004 e 2005. Destas, a de maior destaque para mim foi a de 2004 (95 pontos), seguida de perto pelas safras de 2000 e 2005, ambas com 93 pontos, e 1999 e 2001, ambas com 92.5 pontos.

Boas degustações,

Brito.

sábado, 9 de abril de 2011

Bocuse x Troisgros


Viajando pelo Rhône – Os Grandes Mestres da Culinária Bocuse x Troisgros

A porta de entrada da região do Rhône, vindo da Borgonha, é a cidade de Lyon. Aqui você ainda não estará nas regiões vinícolas que realmente interessam, mas Lyon e a região ao seu redor abrigam grandes ícones da culinária mundial e só a possibilidade de desfrutar as maravilhas feitas por estes gênios da gastronomia já justifica permanecer alguns dias por aqui.


Lyon é uma cidade média, com cerca de 450.000 habitantes, que possui algumas atrações turísticas interessantes, como o Teatro Romano e a Basílica Notre-Dame de Fourviére, que além de muito bonita oferece uma bela vista da cidade. Além disto, o centro da cidade é agradável e charmoso, merecendo um passeio calmo e descontraído. Ao final, um dia é suficiente para explorar os pontos principais da cidade.


No entanto, na minha opinião, as grandes atrações de Lyon e região estão na culinária. Em Lyon encontramos o restaurante de Paul Bocuse, talvez o maior de todos os mestres da cozinha francesa; simplesmente *** do Guia Michelin desde 1965! Em Roanne, próximo a Lyon, encontramos a Maison Troisgros, *** do Guia Michelin desde 1968. Os amigos Bocuse, Pierre Troisgros e Jean Troisgros foram os criadores da famosa Nouvelle Cuisine francesa e são grandes ícones da alta gastronomia mundial.


Ainda na ativa, aos 85 anos, Bocuse acaba de ganhar o prêmio de Chef do Século, concedido pela prestigiosa escola americana Culinary Institute of America. No cardápio de seu restaurante, menus degustação com preços variando entre 140 e 220 Euros, além de várias opções a la carte.


A Maison Troisgros foi fundada pelo avô do nosso conhecido Claude Troisgros, mas foi nas mãos dos irmãos Pierre e Jean Troisgros (pai e tio do Claude) que o restaurante ganhou sua primeira *** do Guia Michelin em 1968. Hoje o restaurante tem à frente o chef Michel Troisgros, irmão do Claude. No cardápio, além das muitas opções a la carte, menus degustação variando de $165 a 200 Euros, ou $ 350 Euros com vinhos harmonizados com cada prato.


Quando fiz o roteiro da minha primeira viagem para essa região, imediatamente coloquei o Bocuse na agenda e entrei em contato com meses de antecedência para garantir um lugar no jantar do dia que estaria em Lyon. Usando o lema “já que está no inferno abraça o capeta”, optei por um menu degustação em que pequenas porções de várias especialidades do chefe são servidas: escalope de foie gras; sopa de trufas negras; filet de peixe (sole); frango de Bresse na bexiga; seleção de queijos e sobremesas. Para acompanhar, obviamente, escolhi um belo vinho, que infelizmente não pode harmonizar com todos os pratos.


Para coroar a grande noite, “esbarramos” no Bocuse na entrada do restaurante e tivemos o grande prazer de recebê-lo em nossa mesa, com direito a foto e tudo (eu não sou chegado a tietagem, mas esta era realmente uma ocasião muito especial!).


Nesta primeira viagem não pude ir a Maison Troisgros, pois não consegui reserva em dia contíguo à reserva do Bocuse. Felizmente, em 2010 tive oportunidade de passar novamente pela região, em outra viagem enogastronômica, e consegui preencher a lacuna e desfrutar de um belo jantar neste inesquecível restaurante. De novo minha opção foi por um menu degustação, mas desta vez com os pratos harmonizados com diferentes vinhos escolhidos pelo sommelier da casa: cavala rosa e Gnochettis de alcachofra com sardinha defumada, acompanhados de Sancerre Les Chasseignes Domaine Fouassier 2008; Mezzaluna de ervilhas e cogumelos, acompanhado de Champagne Armour de Deutz 1999; coxas de rã fritas, acompanhadas de Montlouis sur Loire Domaine Jousset 2008; lombo de bacalhau e diálogo entre coelho e lagosta, acompanhados de Puligny Montrachet Domaine Louis Carillon 2004; filhote de pato de Challans caramelizado com toranja, acompanhado de Madiran Cuvée Prestige Château Montus 1995; seleção de queijos; e sobremesas acompanhadas de Muscat de Syracuse Domaine Pupillo 2007.


Mas afinal, quem é melhor: Bocuse ou Troisgros? Ambos são restaurantes que estão entre os melhores do mundo. A comida do Bocuse é mais tradicional, enquanto a Troisgros é mais moderna e mais complexa. A mesma conclusão vale para o ambiente. A grande vantagem do Troisgros foi oferecer uma opção de menu em que havia vinhos harmonizados com cada prato servido, missão impossível de executar no Bocuse, dada à variedade de pratos que se serve neste tipo de menu degustação.


Para mim, a noite do Bocuse se fez mais especial pela possibilidade de encontrar o grande chef em pessoa e por tudo que ele representa. Mas, como disse, ambos são lugares mágicos que proporcionam experiências inesquecíveis, obrigatórios para os aficionados em alta gastronomia.


Logo, se for à França e tiver tempo para ir à região de Lyon, não deixe de visitar estas feras. Mas não se esqueça, é preciso fazer reserva com muita antecedência.


Abraço a todos,


Brito.