quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Reserva, Gran Reserva, Grand Cru, Premier Cru

Crianza, Reserva, Gran Reserva, Grand Cru, Premiere Cru

Atendendo ao pedido do Bruno, vamos tratar um pouco mais sobre a classificação dos vinhos, agora em termos da classificação de diferentes vinhos de uma mesma vinícola ou diferentes vinhos de uma mesma região.

Você já deve ter visto no rótulo dos vinhos as denominações: Crianza, Reserva (ou Riserva ou Reserve), Gran Reserva, Grand Cru, Premier Cru, etc.

O que estes nomes de fato significam?

Não existe uma resposta única para a pergunta acima, pois o significado dos termos depende do país e da região na qual o vinho foi produzido. Por exemplo, há países em que a legislação estabelece regras de plantio e/ou produção para que um vinho tenha uma determinada denominação e há outros nos quais não há nenhuma regra e o produtor se sente livre para fazer a denominação que desejar.

Vamos começar com as classificações Crianza (esta tipicamente da Espanha), Reserva e Gran Reserva. Nos países em que a legislação estabelece regras, estas denominações estão normalmente associadas ao tempo de amadurecimento/envelhecimento do vinho antes que o mesmo possa ser comercializado.

Observação: normalmente chamamos de amadurecimento o tempo que o vinho passa em barris de carvalho, interagindo quimicamente com a madeira e com o oxigênio, e envelhecimento o tempo que o vinho passa na garrafa após o término da produção. No entanto, por razões de simplicidade, vou me referir, no restante deste texto, a ambos os períodos como amadurecimento.

Para ilustrar a idéia vamos tomar como exemplo a região da Rioja na Espanha. Nesta região, para que um vinho seja denominado Crianza (esta denominação é tipicamente espanhola) ele amadureceu pelo menos dois anos antes de ser comercializado, um dos quais em barril de carvalho. Já um tinto Reserva desta mesma região amadureceu pelo menos três anos, com pelo menos um ano de carvalho, enquanto um tinto Gran Reserva amadureceu pelo menos cinco anos, com pelo menos dois anos de carvalho. Para os vinhos brancos os tempos de amadurecimento mínimos são outros, mas o conceito é o mesmo. Ou seja, o Gran Reserva amadureceu mais que o Reserva que amadureceu mais que o Crianza.

Outro exemplo são os vinhos Barolo e Barbaresco da região do Piemonte na Itália. Um Barolo precisa amadurecer um total de três anos entre barril e garrafa, enquanto um Barolo Riserva precisa amadurecer pelo menos cinco anos. Já para o Barbaresco os tempos são dois anos para a denominação comum e quatro anos para o Barbaresco Riserva. Ainda na Itália, na região da Toscana, um Chianti Classico Riserva passou por um amadurecimento de pelos dois anos em madeira e três meses em garrafa. Nesta mesma região, um Brunello di Montalcino amadurece pelo menos quatro anos, dos quais dois em carvalho, antes da comercialização, enquando um Brunello di Montalcino Riserva amadurece pelo menos cinco anos, sendo dois e meio em carvalho.

Logo, podemos concluir que, em geral, nos países em que esta denominação é regulada por lei, um vinho Gran Reserva passou por um período de amadurecimento maior que um Reserva, que passou por um amadurecimento maior que um Crianza (para a Espanha), que passou por um período maior de amadurecimento do que um vinho comum da mesma região.

Uma conseqüência indireta desta conclusão é que os vinhos Gran Reserva são feitos com uvas melhores que os vinhos Reserva, que por sua vez são feitos com uvas melhores que os vinhos comuns de uma dada região. Isto ocorre porque é necessário que a uva tenha estrutura suficiente para se beneficiar do período de amadurecimento no carvalho, pois do contrário o resultado não será benéfico para o vinho. Ou seja, normalmente só se passa pelo carvalho os vinhos com maior estrutura. Assim, em safras ruins, pode não haver produção de vinhos do tipo Reserva ou Gran Reserva em uma determinada região, por se julgar que a qualidade final do vinho não é suficiente para que o mesmo possa passar pelo barril de carvalho.

Perceba, no entanto, que as conclusões acima são válidas para os países com legislação específica. Para os países sem legislação a este respeito, os melhores produtores buscam utilizar a mesma lógica para classificar seus vinhos como Reserva ou Gran Reserva, mas outros podem fazer esta classificação unicamente como mecanismo de marketing, sem que isto represente de fato uma maior qualidade do produto. Há produtores que denominam praticamente todos os seus vinhos como Reserva (ou Reserve), apenas para tentar criar uma falsa impressão de qualidade para o produto.

Já as denominações Grand Cru e Premiere Cru são normalmente associadas aos vinhos franceses e têm significado dependente da região de produção do vinho, mas vamos deixar esta questão para o próximo texto.

Abraço a todos,

Brito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário