sábado, 16 de outubro de 2010

Alsácia - Terra de Brancos

ALSÁCIA – TERRA DE BRANCOS

A Alsácia está localizada próxima à fronteira com a Alemanha (de fato, esta região já pertenceu a Alemanha no passado) e sofre muita influência deste país.

A rota dos vinhos (veja mapa ao lado) é uma estrada secundária que corta as regiões vinícolas e se estende por 120 km no sentido norte-sul. Passear por esta estrada é a melhor forma de visitar as vinícolas da Alsácia. Um bom ponto de partida é a cidade de Strasbourg.

A composição do solo é bastante variada (giz combinado com argila, calcário, granito, xisto, sedimentos de rochas vulcânicas e arenito), fazendo com que o sabor e a qualidade do vinho variem muito com a localização do vinhedo.

A fermentação dos vinhos se dá em velhos barris de madeira, tanques de concreto ou tanques de aço inoxidável. A prática de chaptalização é permitida, com exceção dos vinhos VTs e SGNs (descritos a seguir).

A fermentação malolática não é feita, o que preserva a acidez original do vinho.

A filosofia dos produtores é colocar ênfase na fruta e no terroir. Portanto, não é comum a utilização de carvalho para amadurecer o vinho.

Embora também produza vinhos tintos de Pinot Noir, a Alsácia é, essencialmente, uma terra de brancos.

Os vinhos de qualidade produzidos aqui são, em geral, varietais, com praticamente 100% da uva declarada no rótulo - sim, diferente de outras regiões da França, na Alsácia a uva utilizada aparece no rótulo da garrafa.

Há várias uvas brancas plantadas na região (como Auxerrois, Chardonnay, Pinot Blanc e Sylvaner), mas os grandes vinhos são feitos das uvas Gewurztraminer, Pinot Gris e Riesling, com a uva Muscat também merecendo destaque.

Os melhores vinhos são encorpados, concentrados e com excelente acidez, o que resulta em ciclos de vida longos (veja texto “Quanto Mais Velho Melhor?”), com grande potencial de guarda.

Os vinhos secos predominam, mas há também produção de vinhos doces de destaque, embora em um percentual muito pequeno (cerca de 1%) e apenas em anos favoráveis. Estes vinhos são classificados em VT (Vendange Tardive) e SGN (Selecion de Grains Nobles). Os VTs, como o nome diz, são vinhos feitos de uvas supermaduras colhidas tardiamente, enquanto os SGN são vinhos feitos com uvas afetadas pela podridão nobre (Botrytis Cinerea). Interessante observar que um vinho VT da Alsácia pode ser seco, mas você só vai descobrir isto ao tomá-lo, já que esta condição não é declarada no rótulo.

Por fim, há produção de espumantes, denominados de Crémant d’Alsace, utilizando o mesmo método da região de Champagne, mas estes vinhos não competem, em termos de qualidade, com os seus semelhantes daquela região.

Os produtores, mesmo os pequenos, normalmente produzem uma grande variedade de vinhos, em termos da uva utilizada e também em termos de classificação. Há os vinhos comuns, sem nenhuma denominação especial, os vinhos reserve e outras denominações de reserva, como reserve personnelle. Há ainda os vinhos feitos com uvas provenientes de um único vinhedo, cujo nome aparecerá no rótulo. No entanto, estas classificações não são reguladas e o fato de um vinho receber a denominação reserve não garante que ele seja de fato especial.

Em 1983, vinte e cinco dos melhores vinhedos da Alsácia foram oficialmente classificados como Grand Cru. Esta classificação foi polêmica e alguns produtores, inclusive que receberam a denominação, não concordaram com a mesma e não utilizam a denominação em seus rótulos. Hoje há 51 vinhedos com esta classificação, que representam cerca de 4% da produção total de vinhos da região, dando origem aos vinhos Grands Crus da Alsácia.

Um vinhedo Grand Cru da Alsácia tem produção limitada por lei a 66 hectolitros por hectare, o que é considerado elevado para a produção de um vinho de alta qualidade (outro motivo de discordância entre os produtores à época da classificação). Como referência de comparação, em Chateauneuf-du-Pape a limitação é de 36 hectolitros por hectare, enquanto um vinhedo não limitado, para produção de vinho barato em grande quantidade, pode alcançar algo em torno de 200 hectolitros por hectare em algumas regiões.

Há muitos bons produtores na Alsácia, mas dois se destacam como excepcionais:

  • Domaine Zind Humbrecht: importado pela Expand – R$ 148 a 485

  • Domaine Weinbach: importado pela Grand Cru – R$ 110 a 390

Alguns produtores que podem ser classificados como excelentes são:
Domaine Marcel Deiss: importado pela Mistral – US$ 40 a 220
Trimbach: importado pela Zahil – R$ 86 a 869
Hugel et Fils: importado pela World Wine – R$ 168 a 340
Domaine Ostertag: importado pela Zahil – R$ 220 a 290
Domaine Leon Beyer: importado pela Vinci – US$ 44 a 90
Domaine Albert Boxler: importadora não localizada
Domaine Schoffit: importadora não localizada

A Alsácia é uma excelente região para se fazer turismo enogastronômico e cultural. Um roteiro básico consome 4 dias e inclui: a bela cidade de Strasbourg, o Château du Haut-Koenigsbourg e a rota dos vinhos, onde há diversas vilas que parecem ter saído de um conto de fadas, com destaque para a charmosa vila de Riquewihr. Mas isto é assunto para outro texto....

Abraço a todos,

Brito.

Um comentário:

  1. Caro Brito, não sei se sabe, mas hoje, 22/10/2010, é o DIA DO ENÓLOGO. Então, parabéns pelo seu dia! :))

    "Efeméride
    Comemora-se hoje o Dia do Enólogo, profissional que mais do que saborear vinhos prima pelo saber do plantio, da escolha do solo, da vindima, da produção, envelhecimento e engarrafamento."

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