terça-feira, 5 de outubro de 2010

França - O País do Vinho


FRANÇA – O PAÍS DO VINHO

Como já dissemos, a França é o mais importante produtor de vinho do mundo.

Embora produza vinhos de excelente qualidade de todos os tipos (espumantes, brancos, tintos, doces, etc..), cerca de 2/3 dos vinhos produzidos na França são tintos.

A figura que ilustra este texto mostra as diversas regiões vinícolas da França. Como podemos ver, há produção de vinho em praticamente todo o país. O clima varia muito, sendo continental ao norte (região de Champagne, por exemplo), com invernos rigorosos e frios, mediterrâneo ao sul (como na região do Rhône), com mais sol e calor, e marítimo na região da costa atlântica (como em Bordeaux).

Há uvas que melhor se adaptam em cada região, em função de suas características climáticas e de solo. Logo, cada região é especializada em determinado tipo de uva e/ou determinado tipo de vinho.

Nosso objetivo neste texto é fazer uma breve descrição das principais regiões. Voltaremos a cada uma delas em textos posteriores, que irão tratá-las em mais detalhe.

A ordem escolhida para a apresentação é a ordem que utilizei para visitar as regiões há alguns anos e novamente neste ano.

Alsácia

Devido à proximidade com a fronteira da Alemanha, a Alsácia recebeu grande influência deste país nos mais diversos aspectos, inclusive nos vinhos (de fato, a Alsácia já pertenceu a Alemanha no passado).

Os principais vinhos de interesse desta região são brancos varietais, com os grandes vinhos sendo feitos com as uvas Gewurztraminer, Pinot Gris e Riesling.

A classificação contempla apenas dois níveis: os vinhos normais, classificados como AOC (Appelation d’Origine Contrólée) e Grand Cru. Há 50 vinhedos classificados como Grand Cru, mas há muita controvérsia quanto a esta classificação e alguns produtores preferem, mesmo possuindo vinhedos com esta classificação, não utilizá-la em seus rótulos. Há também vinhos classificados como Premier Cru (do produtor Marcel Deiss), mas esta classificação não é oficial.

Os melhores vinhos grands crus são encorpados e possuem grande acidez, tendo bom potencial para guarda.

Borgonha

Pode-se dizer que a Borgonha é uma região de extremos, produzindo vinhos de qualidade excepcional, entre os melhores do mundo, e vinhos não tão bons.Dentre os melhores, vale destacar os antológicos Domaine de la Romanee-Conti.

Há excelentes brancos, feitos com a uva Chardonnay, e tintos, feitos com a uva Pinot Noir, mas a predominância aqui é dos tintos.

Um pouco mais ao sul há também os vinhos da região de Beaujolais, feitos com a uva Gamay, que muitos não consideram como vinho da Borgonha, embora oficialmente seja.

Os vinhos são classificados, em ordem crescente de qualidade, em Borgonha (Appelation Bourgogne Contrólée), vinhos de aldeia (Vin de Village – Appelation “nome da aldeia” Contólée), Premier Cru e Grand Cru.

Rhône

Esta região se divide em duas partes, norte e sul, que possuem características completamente diferentes e produzem vinhos também completamente diferentes, a começar das uvas utilizadas.

Embora haja excelentes brancos, os tintos predominam nas duas partes.

No norte os vinhos tintos são varietais feitos com a uva Syrah e os brancos são feitos com a uva Viognier ou um corte de Marsanne com Roussanne.

Os tintos mais famosos da parte norte são provenientes das sub-regiões Hermitage (ou Ermitage) e Côte-Rotie, enquanto os brancos provêm da sub-região de Hermitage.

No sul os vinhos são cortes de vários tipos de uva. Para os tintos a uva principal é a Grenache (complementada no corte com Syrah, Mourvédre, Cinsault e outras), enquanto para os brancos é a Grenache Blanc.

Os vinhos mais prestigiados desta região, tanto brancos quanto tintos, são os provenientes da sub-região Chateauneuf-du-Pape, que pode ter mais de dez uvas utilizadas em seu corte.

Bordeaux

Mais uma região com predominância dos tintos, embora novamente haja vinhos brancos excelentes.

Os tintos são cortes de Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Petit Verdot e, às vezes, Malbec.

Nas sub-regiões da margem esquerda do rio Gironde a predominância é, em geral, da uva Cabernet Sauvignon, enquanto na outra margem normalmente há predominância da Merlot.

Os brancos são cortes, principalmente, de Sémillon com Sauvignon Blanc.

Há 57 denominações distintas. Em geral, quanto mais específica for a denominação, melhor será o vinho. Você pode pensar o sistema de denominações como uma série de caixas, uma dentro da outra. A maior, mais geral, é a caixa Appelation Bordeaux Contrólée; depois são aquelas relacionadas com sub-regiões, como Haut-Médoc. Vinhos ainda melhores estão em caixas menores, como a sub-região Margaux dentro da sub-região Haut-Médoc.

Há um sistema de classificação dos vinhos que varia de sub-região para sub-região, sendo a classificação do Médoc, criada em 1855, a mais famosa (veja texto Grand Cru, Premier Cru,..., já publicado). Esta classificação elegeu os melhores vinhos da região, denominados Grands Crus, e os dividiu em cinco níveis: de Premier Cru a Cinquième Cru. Posteriormente surgiram também os vinhos classificados como Cru Bourgeois, que estão logo abaixo dos Grands Crus.

Por fim, há que se destacar os vinhos doces feitos na sub-região de Sauternes, que são considerados os melhores do mundo. A principal uva destes vinhos é a Sémillon.

Loire

Comparativamente menos importante que as demais citadas neste texto, os grandes vinhos do Vale do Loire são os brancos feitos das uvas Sauvignon Blanc e Chenin Blanc.

Champagne

Região mais ao norte na França, produz os melhores vinhos espumantes do mundo. Apenas os espumantes produzidos nesta região podem ser denominados de Champagne.

Um Champagne é, na verdade, um corte de 30 a 60 vinhos (e não uvas) não espumantes, que podem ser de diversas safras, para o Champagne normal, ou de uma única safra considerada excepcional, para os Champagnes denominados safrados.

O processo de produção envolve uma 2ª fermentação ocorrida na garrafa, na qual o CO2 gerado fica aprisionado, dando origem à natureza gasosa do vinho.

Os vinhos podem ser brancos ou roses e possuem diversos graus de secura diferentes, variando do Extra Brut (quase sem açúcar residual) ao Doux (muito doce).

Em geral utilizam-se três uvas na produção do Champagne, a branca Chardonnay e as tintas Pinot Noir e Pinot Meunier. No entanto, há vinhos feitos só com Chardonnay, denominados Blanc de Blancs, e só de Pinot Noir, denominados Blanc de Noirs, embora este último seja mais raro.

Com isto encerramos esta breve viagem pelas principais regiões vinícolas da França. Voltaremos a tratar estas regiões em textos dedicados a explorar com mais profundidade suas características e outros dedicados a mostrar, além dos vinhos, os potenciais turísticos, culturais e gastronômicos de cada região.

Abraço a todos,

Brito.

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